segunda-feira, 29 de março de 2010

Manutenção sitio da ANPHU-RS

Visando a finalização do processo de integração da base de dados de nossa regional com a nacional e, ainda, constituindo etapa da reformulação do layout de sua página, a ANPHU-RS, informa que o www.anpuh-rs.org.br, estará indisponível para login de usuários entre os dias 29 de março a 05 de abril de 2010. Portanto, neste período não será possível que os sócios acessem e alterem informações pessoais, assim como imprimam boletos de pagamento de anuidade(s).

Na semana acima mencionada, os conteúdos do site estarão disponíveis normalmente para navegação, ficando restrito somente o acesso de sócios ao login. Quaisquer demandas ou dúvidas poderão ser encaminhadas para o e-mail anpuhrs@anpuh-rs.org.br.

Fonte: ANPHU-RS

segunda-feira, 22 de março de 2010

Portal Falando de História "fora do ar"

O Portal Falando de História, esteve fora do ar (ontem 21/03/2010). devido a manutenção realizada no sitio eletrônico.

domingo, 21 de março de 2010

Só a luta pode garantir reajuste salarial ao magistério do Rio Grande do Sul



A Assembleia Geral do dia 19 de março reafirmou a necessidade de se lutar pelo reajuste emergencial de 23,14%, pois estamos desde 2007 com os salários congelados. Na Secretaria da Educação, depois de reunião no último dia 18, ficou claro que só a luta da categoria poderá obrigar o governo a negociar.

O CPERS/Sindicato rejeita qualquer tipo de debate que signifique a retomada dos projetos retirados da Assembleia Legislativa no final do ano passado e que atacavam os nossos planos de carreira. Essa proposta não tem trânsito na categoria.

No mesmo dia da nossa Assembleia, logo após uma passeata e um ato público em frente ao Palácio Piratini, o governo, através do secretário Otomar Vivian (Casa Civil), tentou fazer chantagem com a categoria. Disse que poderia receber o sindicato desde que retirássemos a reivindicação de reajuste salarial. Um verdadeiro absurdo.

Para pressionar o governo a atender nossas reivindicações, a Assembleia também aprovou um calendário de lutas, com manifestações em Porto Alegre nos próximos dias 24 e 30 de março. Aprovou ainda a realização de panfletagens junto à comunidade, envio de correios eletrônicos e cartas aos deputados estaduais, busca de apoio nas câmaras de vereadores e envio de e-mails aos ministros do Supremo Tribunal Federal pedindo agilidade na votação e apoio à lei do piso.

Para garantir a reposição da inflação, o piso nacional e a manutenção dos planos de carreira, organize sua escola e participe do calendário de mobilização.

Dia 24 de março – Vigília na Praça da Matriz, em Porto Alegre

Dia 30 de março – Ato Unificado dos Servidores, na Praça da Matriz, em Porto Alegre

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato
Foto: Caco Argemi
Fonte: http://www.cpers.org.br/index.php?&menu=1&cd_noticia=2369

terça-feira, 16 de março de 2010

Lei 10.639 e a luta por legitimação

Por Rachel Cardoso
Quase sete anos depois da edição da lei que torna obrigatórios os conteúdos de história e cultura africanas e afro-brasileiras, os negros continuam lutando pelo reconhecimento de suas contribuições culturais e por aceitação no espaço escolar

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O Supremo Tribunal Federal será palco, no primeiro semestre deste ano, de debates sobre as cotas raciais em universidades - divisor de opiniões sobre a chaga do racismo no país. O fato de o tema ter chegado a tal instância é um indício de sua efervescência na sociedade. É a primeira vez na história nacional que o assunto marca presença na mais alta corte federal. Mas chega com atraso de pelo menos duas décadas em relação a países de passado igualmente escravista, como os Estados Unidos, onde uma agenda pós-racial, em que a educação tem papel de destaque na promoção da igualdade social, desaguou na eleição do primeiro presidente negro do país, o democrata Barack Obama. Por aqui, o martelo da Corte pode funcionar como um divisor de águas para as políticas públicas na medida em que poderá significar a admissão do racismo e constituir-se no primeiro passo para o reconhecimento dos prejuízos que ele produz, além de afirmar a constitucionalidade ou não das medidas de ações afirmativas.

É nesse cenário que aparece hoje a questão da inserção social do negro, quadro que ganha contornos próprios no ambiente escolar, espaço ora de ratificação de preconceitos, ora de inflexão de costumes e visões. Trata-se de uma situação complexa, cujas raízes estão diretamente relacionadas a uma cultura da ignorância. De modo geral, faltam conhecimento, referência e memória à população em geral, dentro e fora da sala de aula. "Percebemos muitas atrocidades no contato diário com os professores que nos visitam", diz a coordenadora do Núcleo de Educação do Museu AfroBrasil, Renata Felinto. "Muitos educadores tratam as leis que incluem a história afro-brasileira no currículo escolar como modismo. Em função disso, quase nada mudou."

Ainda está presente no imaginário coletivo a imagem do homem negro como indolente, mas ao mesmo tempo mais forte do que os outros, o que teria sido a causa de sua escolha para a escravidão. Confundido com a malandragem no passado, está associado à criminalidade nos dias de hoje, avalia a educadora. "No cotidiano, o senso comum é que o negro é sempre um suspeito em potencial. As mulheres, por sua vez, são vistas como úteis para prestar serviços domésticos como babás, empregadas e cozinheiras, feias, porque fora do padrão de beleza branco", lembra Renata.

Não há percepção coletiva de que o histórico de falta de oportunidades leva ao reforço do estigma. O que explica em parte a ideologia do branqueamento. Vide o caso do escritor Machado de Assis, que, mulato, perdeu, para alguns, contato com seu universo de origem. "Quanto mais erudito menos negro", explica Renata. "Símbolos como a capoeira, a feijoada, o carnaval, o samba e até as mulatas são destacados como diferenciais da cultura brasileira no exterior, mas internamente ninguém assume a própria origem e o que se exalta é sempre a ascendência europeia."

Até quando o assunto é samba há polêmica. É consensual a importância do negro e de seu universo festivo e religioso na formação daquela que viria a ser considerada a música símbolo do país. Nessa linha, o samba é visto como um movimento de continuidade e afirmação dos valores culturais negros, uma cultura não oficial e alternativa, que seria uma forma de resistência cultural ao modo de produção dominante da sociedade do início do século 20. Mas há quem lembre a expropriação cultural do negro, exemplificada na estratégia da sociedade branca dominante, que enfraqueceu o caráter étnico das associações carnavalescas dos negros e do próprio samba como gênero musical, impedindo que se tornassem elementos de construção de uma consciência negra. Como aponta o historiador Marcos Napolitano em A síncope das ideias (Perseu Abramo, 2007), o samba foi objeto de disputa simbólica assim que se constituiu como fenômeno da indústria cultural, ainda nos anos 30 do século passado. De um lado, o governo Vargas buscando apropriar-se dos símbolos populares e associá-los ao trabalho; de outro, os sambistas que transitavam nas margens do sistema e cantavam a vida boêmia.

Há ainda aqueles que rejeitam as teses que localizam o samba como patrimônio cultural negro, expropriado pelos brancos e transformado em artigo de consumo. O certo é que sempre que se ressalta a importância política do samba e da música popular em geral, os ícones são muito mais brancos do que negros. Dos anos 60, por exemplo, guarda-se muito mais a memória dos festivais televisivos, com as presenças de Chico Buarque, Caetano Veloso e Edu Lobo, do que dos shows do Rosa de Ouro, em que Hermínio Bello de Carvalho reunia Clementina de Jesus, Elton Medeiros e Paulinho da Viola.

O imaginário nacional reproduzido nas salas de aula acaba sendo pautado pelos mesmos lapsos, tanto de alunos quanto de adultos. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, onde a segregação sempre foi mais demarcada, inclusive nos espaços físicos das cidades, no Brasil o preconceito é mais velado e sinuoso. Suas mazelas, porém, começam cedo. Desde a primeira infância, a criança é exposta quase que unilateralmente à literatura infantil de referência europeia. Nos contos de fadas mais populares não existem princesas ou heróis negros.

Para derrubar mitos como esses, o Museu AfroBrasil, utiliza obras como O baile, da artista plástica Rosana Paulino, que vai além das questões raciais. Não se trata de ser pior ou melhor, mas de mostrar como tratar as diferenças em pé de igualdade, pluralizando o acesso às histórias de outras origens. "As meninas sempre associam a silhueta à cinderela dançando com o príncipe encantado", diz Renata. "O nosso trabalho é mostrar que existem alternativas àquelas tradicionais histórias e mudar o padrão de beleza que frustra quem não é magra e loura."

Expressão linguística
Não é preciso procurar muito para perceber que entre crianças e jovens é costume lançar mão de expressões verbais que perpetuam o racismo em situações corriqueiras de desentendimento dentro do ambiente escolar. Hostilizados, os alunos negros tendem a se retrair e a abandonar os estudos por conta de atitudes que demandam intervenção firme dos professores e gestores educacionais. Em vez da sensibilidade para lidar com o fato, no entanto, habitualmente o que impera é o silêncio. Os resultados acabam aparecendo nas estatísticas que comparam a presença de brancos e negros e a defasagem idade-série, por exemplo.


Nossa Senhora com menino, escultura de Maurino Araújo: imaginário coletivo ainda vê as mulheres como babás, empregadas e cozinheiras
Fazer vista grossa parece ser a saída mais fácil quando não há argumentos para esclarecer os valores das diferenças étnico-raciais para a formação da sociedade contemporânea, como a contribuição dos africanos escravizados para a agricultura, a metalurgia e a ourivesaria, entre outras. Uma sabedoria que os colonos portugueses não tinham. "Mesmo o diversificado vocabulário da língua portuguesa guarda uma série de palavras de origem Banto", diz Renata, em referência às línguas africanas. É o caso de lengalenga (conversa enfadonha, ladainha). Por essas e outras peculiaridades, a arte-educadora condena a alteração da Lei 10.639, que por meio de um aditivo coloca no mesmo balaio as histórias africanas, afro-brasileiras e indígenas.

Trata-se da Lei 11.645, sancionada em 2008, que institui a obrigatoriedade da inclusão de conteúdos relativos a essas culturas no currículo escolar. "A incorporação dessas leis é tênue e sem maiores reflexões é impossível modificar a realidade", atesta o coordenador do Programa de Educação do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), Antonio Malachias. "Embora a visão seja mais positiva, é preciso avançar na formação inicial e continuada não somente de professores, mas de gestores para promover uma mudança de fato na base, que é a escola pública."

Essa, visivelmente, é uma preocupação ainda muito restrita às organizações ligadas ao Movimento Negro. É do Ceert, por exemplo, o Prêmio Educar para Igualdade Racial, que desde sua primeira edição, em 2002, ocupa papel de destaque entre as ações educativas existentes em todo o país, como impulsoras de uma educação livre de racismo, preconceito e discriminações (leia texto na pág. 36). Acumula mais de mil experiências de todo o território nacional, que se constituem em fonte de informação de boas práticas escolares. Nesta 4ª edição, além da categoria professor, serão premiadas experiências de escolas.

No mesmo caminho, a ONG Ação Educativa desenvolve pesquisas para definir metodologias que promovam a igualdade racial nas escolas levando em conta experiências de diversas partes do mundo. O trabalho é feito em parceria com a comunidade escolar - professores, gestores e funcionários, além de pais, alunos e comunidade.
Também entre as ações afirmativas está o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana, do governo federal. A proposta é reduzir desigualdades na educação, tornar a escola mais acolhedora e valorizar cultura e história do povo negro na formação da sociedade brasileira.

Combate à ideologia do fracasso
Embora o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira seja obrigatório, não há, de forma efetiva, cursos de formação e preparação de docentes para que trabalhem esses conteúdos a partir do currículo, em especial nas disciplinas de história, língua portuguesa e artes. "A maioria se diz despreparada para abordar a temática étnico-racial porque nunca teve isso na vida", diz Malachias.

Reconhecer o histórico de racismo e preconceito e estabelecer uma relação afetuosa e democrática de orientação não é tão simples. "Embora não se possa apontar elementos que identifiquem professores racistas, é possível identificar práticas racistas. Entre elas, o silêncio diante de determinadas atitudes e o isolamento do negro por conta de uma preferência do inconsciente permeado por uma hegemonia branca", avalia o coordenador do Ceert.

Estudos, como a dissertação de mestrado de Fabiana Oliveira ("Relações raciais nas creches"), defendida na Federal de São Carlos, mostram que há racismo mesmo no ensino infantil. Não é tão ostensivo, mas cria marcas: meninas brancas são princesas, lindas; negras são relegadas ao silêncio, quando não são objeto de preconceito explícito. Como a primeira infância é vital na formação da personalidade e no aprendizado futuro, essas "sutilezas" passam a ser determinantes. O próprio aprendizado da leitura e da escrita pode ficar comprometido em função desse afeto desbalanceado.

Malachias destaca que a ideologia do fracasso ainda é muito forte, uma vez que a escola pública não foi moldada para lidar com as minorias. "Mas tem muita coisa acontecendo nas comunidades, educadores que têm conseguido transformar toda a produção da periferia em termos de cultura."

Exemplo disso é Allan da Rosa, docente da Faculdade de Educação da USP, historiador, poeta, dramaturgo e organizador das Edições Toró - Literatura Periférica. É autor de Imaginário, corpo e caneta: matriz afro-brasileira em educação de jovens e adultos. Em entrevista ao Observatório da Educação, explica seu olhar sobre o tema:
"O imaginário é o corpo e está no corpo. É o nosso corpo que alimenta o imaginário e o imaginário que alimenta o nosso corpo. Quando nosso imaginário está na lama, seja da mídia graúda ou da escola, que continua rebatendo toneladas de preconceito em cima da gente, esse nosso imaginário vai sendo soterrado por uma areia podre. Então, temos essas resistências que não vivem só retraídas, mas que trazem anunciação também. A matriz afro-brasileira tem no seu imaginário formas muito valorosas de pensar relações de gênero, relações ecológicas, econômicas, relações com a arte, com o tempo. Não se trata de idealizar e achar que a matriz afro-brasileira apresenta um mundo perfeito. Mas como ela ficou à margem e dentro, gingando entre o oficial e o marginal, apresenta ainda alternativas que devem ser entendidas. E esse entendimento não vai brotar do prisma oficial de sempre, que só oferece estereótipos."

E segue : "Antes de cair na armadilha de achar que é um ganho estar representado na novela ou no outdoor, é preciso entender do que se está falando. Aí vamos procurar os fundamentos e ver como esses fundamentos surgem ou são omitidos, estes que não foram desenvolvidos na escola, porque meu povo não teve acesso à escola, mas que foram se dando nas comunidades, lidando com um conhecimento profundo e prático, que não deixa de ser teórico, vindo de uma intelectualidade que está ativa no seu próprio chão. Então, quais são as matrizes da cultura negra brasileira, como isso pode alimentar processos de educação de jovens e adultos, de educação infantil ou a arquitetura de uma mídia melhor? Para responder, fui estudar o imaginário, porque ele não é algo etéreo, que fica numa nuvem dentro da cabeça. O imaginário está em cada poro do corpo, em cada gesto, que se relaciona com o movimento, com a criatividade, com as nossas mitologias e com rituais."

Um movimento que ganha corpo nas comunidades e ajuda a trabalhar culturas que não nasceram na escola, mas que ao mesmo tempo dialogam com a educação, corrobora as teses de Allan. "O hip-hop foi muito importante para o jovem da periferia se autodenominar negro e ter orgulho disso", diz o escritor Alessandro Buzo. "O desconhecimento das raízes e das histórias dos antepassados pode levar a pessoa a ter vergonha da sua origem. A cultura é a melhor forma de combater a violência e o racismo."

Não à toa, o Ministério da Cultura, por meio das Secretarias da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC) e de Cidadania Cultural (SCC/MinC), lançou em janeiro último o primeiro edital do Prêmio Cultura Hip-Hop. A premiação será de R$ 1,7 milhão e contemplará iniciativas individuais e de grupos nas categorias Reconhecimento, Socioeducativa (Escola de Rua), Geração de Renda, Difusão/Conhecimento (5° Elemento) e Difusão - Menções Honrosas.

Para Ivan Lima, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará e do Núcleo Brasileiro Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais (N'BLAC), a história do negro na educação brasileira ainda carece de maior amplitude. "Continuamos a estudá-lo a partir das características culturais mais visíveis como comida, vestimenta e música", diz. "Falta-nos uma perspectiva histórica de construção civilizatória, ou seja, o negro produtor de conhecimentos que também marcaram a civilização ocidental, que, no entanto, nega esse processo. E, mais do que isso, determina e impõe que a civilização é um atributo exclusivamente do universo grego-romano, e todo o resto da humanidade tem de se curvar a isto."

As dificuldades, destaca Lima, não se resumem à formação do professor. A produção de materiais didáticos que ampliem o conhecimento da cultura negra, de seus valores civilizatórios, de seus diferentes reinos, entre outros temas, é outro gargalo para que a lei de fato saia do papel. Não basta incluir apenas um retrato de um personagem negro nesse contexto. "O fato de aparecer uma família bem-sucedida numa novela de horário nobre não é um grande avanço. Avalio como uma resposta de uma emissora, que assim justifica sua pseudopreocupação com os debates gerados pelas desigualdades raciais. Mas continua a ser uma exceção à regra. Significativo seria se aparecessem várias famílias negras estruturadas, mas há pouco espaço para o debate público, assim como para as ações afirmativas e o estatuto da igualdade, entre outros", reflete Lima.

O mundo do trabalho
Não é diferente na vida real. "O mesmo quadro se reflete no mercado de trabalho", diz José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, cuja mantenedora é a Afrobras. Inaugurada em novembro de 2003, tem como foco a cultura, a história e os valores da cultura negra. Na matriz curricular de seus cursos, há o compromisso com a implantação da lei que institui como obrigatório o ensino de história da África e afro-brasileira em todos os níveis. Isso ajuda a conscientizar os alunos para que assumam seu lugar na sociedade. "Quantos negros você vê em cargos de juiz, promotor ou mesmo professor? A obrigatoriedade de uma lei é importante para provocar reflexão no agir e no pensar, mas é como colocar cimento sobre a boca de um vulcão em erupção", diz Vicente.

No artigo Ética enviesada da sociedade branca desvia o enfrentamento do problema negro, o falecido geógrafo Milton Santos explicita as causas desse cenário. "Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos - paradoxalmente contra as vítimas. Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito", escreveu.

Em busca de caminhos
Como tratar de um câncer sem admitir que ele existe? O sociólogo Valter Silvério, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UfScar), recorda o episódio ocorrido em 2005 quando jovens franceses indignados com a discriminação, a pobreza e o desemprego queimaram milhares de carros nos subúrbios de Paris. "Não há democracia moderna com uma população plural que não tenha adotado uma política de igualação, embora a política de cotas por si só não seja suficiente."

Silvério crê, no entanto, que é preciso um trabalho de base para promover um contato mais realista das novas gerações com a diversidade, conceito que ainda reúne, sob o mesmo guarda-chuva, negros, índios, necessidades especiais, orientações sexuais e religiosas. "A didática pressupõe uma organização espacial diferente para cada um desses grupos. Por hora, as inclusões são pontuais e não mudam a filosofia do cotidiano escolar."

Como possibilidade de alterar esse cotidiano é interessante apontar que o movimento negro tem exercitado diferentes práticas educativas e proposto pedagogias que trazem elementos para a reversão de aspectos naturalizados no ensino. A pedagogia interétnica, desenvolvida no final da década de 70, em Salvador (BA), por exemplo, tem como objetivo fundamental o estudo e a pesquisa do etnocentrismo, do preconceito racial e do racismo transmitidos pelo processo de socialização ou educacional - família, comunicação, escola, sociedade global e meios de comunicação -, além de indicar medidas educativas para combater os referidos fenômenos, utilizando a história, a psicologia e a sociologia como elementos estratégicos.

Nos anos 80, a pedagogia multirracial foi desenvolvida por Maria José Lopes da Silva e educadoras do Rio de Janeiro. Sua proposta é identificar os valores culturais africanos presentes tanto na religião como nas artes, na organização social, na historia e na visão de mundo dos brasileiros, a partir da percepção de que as culturas negras estão profundamente internalizadas no "inconsciente coletivo" do homem brasileiro, independentemente de raça, cor, ou classe social. Quem nunca se pegou

Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12858

domingo, 14 de março de 2010

XI SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISADORES DA HISTÓRIA DAS COMUNIDADES TEUTO-BRASILEIRAS

Ocorrerá no Salão de Atos do Centro Universitário FEEVALE,(Campus II), RS 239, 2755, Novo Hamburgo/RS. O evento terá o seguinte tema, Imigração: diálogos e novas abordagens e será realizado ente os dias 1º a 3 de julho de 2010. Dirigido a
Professores e acadêmicos de história e de componentes curriculares afins, historiadores, pesquisadores, atuantes em museus e arquivos históricos, secretários de educação e/ou cultura, dirigentes culturais e demais interessados na história da imigração alemã.
Confira a Programação

1º/07/2010 – quinta-feira 18h

Recepção e credenciamento

19h15min Abertura oficial

Palestra de abertura

Memórias e vivências: desafios e diálogos com as raízes

Profa. Dra. Ellen Fensterseifer Woortmann (UNB)

Coordenação: Profa. Dra. Isabel Cristina Arendt (UNISINOS / IHSL)

Noite Cultural



02/07/2010 – sexta-feira

8h Recepção

8h30min Mesa-redonda 1 – Política: avanço territorial e emancipação

- Profa. Dra. Doris Rejane Fernandes (FACCAT / IHSL)

- Prof. Dr. René Ernaini Gertz (PUCRS / IHSL)

Coordenação: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann (Associação Nacional de Pesquisadores da História das Comunidades Teuto-Brasileiras)

10h Convívio

10h30min Mesa-redonda 2 – Diálogos e novas abordagens I: imigrantes e indígenas

- Profa. Dra. Cíntia Régia Rodrigues (IBPEX – Grupo Educacional UNINTER, Curitiba/PR)

- Profa. Ms. Inês Caroline Reichert (FEEVALE)

Coordenação: Prof. Ms. Evandro Fernandes (Prefeitura de Novo Hamburgo)


12h Almoço

13h30min Mesa-redonda 3: Diálogos e novas abordagens II: imigrantes e africanos escravizados

- Prof. Dr. Paulo Roberto Staudt Moreira (UNISINOS)

- Profa. Dra. Magna Magalhães e Profa. Dra. Margarete Nunes (FEEVALE)

Coordenação: Profa. Dra. Roswithia Weber (FEEVALE)



15h Convívio



15h30min Sessões de comunicação

1. Política (eleições, emancipações, instituições público-privadas...)

2. Relações interétnicas (etnias, diálogos e conflitos...)

3. Sociedade e economia (cotidiano, sociabilidades, migrações...)

4. Gênero (mulher imigrante, relações de parentesco...)

5. Patrimônio e memória (educação patrimonial, guarda de acervos...)

6. Outros temas relacionados à imigração

Inscrições de comunicação: veja detalhes na Ficha anexa.

19h30mi Mesa-redonda 4 – Estrangeiros e migrantes: incluídos e excluídos na imigração

- Prof. Dr. Martin Dreher (UNISINOS / IHSL)

- Prof. Dr. Ely Bergo de Carvalho (UFMT)

Coordenação: Prof. Dr. Marcos Antônio Witt (MHVSL / IHSL)



03/07/2010 – sábado



8h30min Mesa-redonda 5 – Parentesco, organização social e questões de gênero na imigração

- Profa. Dra. Ellen Fensterseifer Woortmann (UNB)

- Profa. Dra. Ingrid Margareta Tornquist (Universidade Umea - Suécia)

Coordenação: Prof. Dra. Regina Weber (UFRGS)



10h Convívio



10h30min Mesa-redonda 6 – Patrimônio e memória de Novo Hamburgo
- Profa. Dra. Eloísa Helena Capovilla da Luz Ramos (UNISINOS / IHSL)

- Profa. Dra. Roswithia Weber (FEEVALE)

Coordenação: Profa. Dra. Gisele Becker (FEEVALE)




12h Encerramento


Certificado

Será fornecido certificado aos participantes com freqüência mínima de 75%.

Número de horas: 20h



Comissão Organizadora

Coordenação Geral: Evandro Fernandes e Marcos A. Witt

Adriane Brevia

Carmem Adriane Ribeiro

Isabel Cristina Arendt

José Edimar de Souza

Rodrigo Perla Martins

Rosane Neumann

Roswithia Weber

sexta-feira, 12 de março de 2010

Projeto que regulamenta profissão de historiador é aprovado na CAS

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) aprovou nesta quarta-feira (10) o PLS 368/09, projeto de lei que regulamenta a profissão de historiador. O autor da proposta é o senador Paulo Paim (PT-RS). O texto foi votado em decisão terminativa.

O relator da matéria, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), afirmou durante a votação desta quarta que "esse projeto não impede o desempenho da atividade de historiador por aqueles que o fazem por vontade própria ou vocação; apenas garante para os respectivos cargos públicos a exigência do diploma de historiador".
O projeto define que a profissão de historiador poderá ser exercida pelos diplomados em curso superior de graduação, mestrado ou doutorado em história. As atividades desse profissional são, de acordo com o projeto, o magistério; a organização de informações para publicações, exposições e eventos sobre temas históricos; o planejamento, a organização, a implantação e a direção de serviços de pesquisa histórica; o assessoramento para avaliação e seleção de documentos para fins de preservação; e a elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.



Em seu voto pela aprovação do projeto, Cristovam observa que, atualmente, a atividade do historiador não está mais restrita à sala de aula e que a presença desse profissional é cada vez mais requisitada pelos centros culturais, museus, assessoria e consultorias a empresas de publicidade, turismo e produtores de cinema, jornalismo e televisão. Por esse motivo, o relator se manifesta favoravelmente a que a profissão seja valorizada e reconhecida legalmente.



Fontes
http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=99942&codAplicativo=2&codEditoria=3
ANPHU-PE
AMPHU-RS

sábado, 6 de março de 2010

Home Page GT Estudos Étnicos

O GT Estudos Étnicos da ANPHU-RS está lançando sua home page. A Home Page já se encontra em funcionamento! O link para acesso é:

http://www.gtestudosetnicos.tk/

27ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA – ABA*

Ocorrerá na cidade de Belém/PA, no período entre 01 a 04 de agosto de 2010, reunião com o seguinte tema: Imigração e poder em contextos nacionais e internacionais*

São coordenadores: Maria Catarina Chitolina Zanini (UFSM) e Igor José de Reno Machado (UFSCAR, participará como Debatedora Giralda Seyferth (UFRJ).

Resumo:
Os processos migratórios, passados ou contemporâneos, têm se mostrado objeto de estudo extremamente pertinente para se compreender as complexidades das interações humanas e também das políticas mais amplas acerca dos fluxos de capitais (econômicos, políticos, simbólicos, científicos, entre outros) nos contextos nacionais e internacionais. As migrações enquanto processos transnacionais, produtoras de espaços culturais desterritorializados mediados por famílias transnacionais, fluxos de remessas e comunicações são particularmente relevantes nas atuais conjunturas políticas de restrição à mobilidade humana. Este GT objetiva ampliar o debate acerca das construções teórico-metodológicas utilizadas para se compreender as diversas dinâmicas envolvidas nos processos migratórios, seja do ponto de vista das relações destes com as políticas internacionais, políticas estatais de controles de fluxos migratórios, direitos humanos e aquelas dos estados nacionais e também nas relações cotidianas das diferentes alteridades no contexto do confronto entre “nós” e os “outros” produzidos pelas migrações. Estamos interessados também em reflexões acerca de relações de hierarquia, poder e estruturas de dominação intra-grupos, isto é, entre imigrantes. Etnografias que explicitem as complexidades que envolvem a constituição de comunidades migrantes são particularmente reveladoras desses processos.

INFORMAÇÕES NO SITE http://www.abant.org.br/27rba/