quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ospa sem maestro e sede

Por Milton Ribeiro

O regente titular e diretor artístico da OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), Isaac Karabtchevsky, divulgou nesta terça-feira (26) sua carta de demissão dos cargos. Segundo informou, o pedido já havia sido encaminhado há cerca de um mês ao presidente da Fundação OSPA, Ivo Nesralla.

Karabtchevsky, que assumiu a orquestra em 2003, afirma que ainda atuará nos meses de novembro e dezembro. Entre as razões da demissão, o maestro cita a demora na construção da nova sede da orquestra.

– Faltou-nos apenas, e isso constato com muita tristeza, realizar nosso velho sonho da construção do Teatro da OSPA. Também lamento não ter podido implementar outra aspiração, tão importante quanto o teatro: levar a música a comunidades carentes, como uma forma de, através dela, incluir o jovem dentro do processo social, dando-lhe identidade e uma razão de viver – escreveu Karabtchevsky, também diretor da Orquestra Petrobras Sinfônica, do Rio de Janeiro.

O presidente da Fundação OSPA, Ivo Nesralla, ainda tem esperanças de que Karabtchevsky siga nos cargos.

-– Fiz um apelo a ele para que não saísse por enquanto. Pretendo tratar do assunto com o novo secretário. Tudo vai ser feito para mantê-lo no cargo — afirmou Nesralla.

Acrescentou que o trabalho nas fundações do novo teatro, em terreno ao lado da Câmara de Vereadores, deve finalmente começar no final do ano, após longo debate.

O novo Secretário de Cultura do Rio Grande do Sul, o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil é um ex-ospiano, tendo sido violoncelista da orquestra entre 1965 e 1980. Ele não se pronunciou sobre a demissão.

Entre os músicos da orquestra, houve tanto consternação quanto discreta alegria. Afinal, uma velha aspiração de um grupo dos músicos é a de permanecer sem regente titular, gerindo sua própria programação e uma agenda de regentes convidados, como fazem várias orquestras pelo mundo. Outra questão discutida internamente é sobre se o acúmulo dos cargos de regente titular e diretor artístico não geraria conflitos de interesses.

Assis Brasil, em meados deste ano, apoiou os músicos da OSPA quando da discussão sobre o reajuste das verbas a manutenção dos instrumentos e indumentária, tendo inclusive escrito um texto dirigido a Ivo Nesrala. Abaixo, um trecho:

Os músicos da Ospa travaram uma longa e exasperada batalha, que — aparentemente — chega ao fim, destinada a obter que o Estado cumpra a Lei 12.404, de 20 de dezembro de 2005, a qual manda reajustar, anualmente, um modestíssimo valor para conservação de seus instrumentos e, ainda, se restarem alguns centavos, para ajudá-los a comprar e manter a indumentária necessária para as apresentações públicas. Esse subsídio não era mexido há anos. Quem frequenta shoppings sabe o valor de um smoking e os preços das lavanderias.

Transformado de pedra em vidraça, o novo Secretário de Cultura Assis Brasil, assumirá o cargo já pautado por sua ex-orquestra.

Com informações da AFFOSPA (Associação de Funcionários da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) e da Rádio Gaúcha.

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