domingo, 30 de dezembro de 2012

28 de dezembro de 1895: A primeira sessão de Cinema

Por: Lucyanne Mano



A primeira sessão de cinema

Era sábado, 28 de dezembro de 1895. A porta do Grand Café, na esquina do Boulevar das Capucines com a Rua Scribe, um propagandista interpelava os passantes, distribuindo prospectos e convocando-os, pelo megafone: "Entrai, senhoras e senhores. Vinde ver o cinematógrafo dos irmãos Lumière, de Lyon, a novidade do dia, a maravilhosa invenção da fotografia animada. Entrada: um franco.

O dono do Grand Café, um certo Volpini,não acreditava no êxito do novo tipo de espetáculo. Tanto que, ao invés dos 20% sobre a receita, taxa que costumava cobrar quando cedia o Salão Indiano de seu estabelecimento a grupos artísticos, exigira apenas a cota fixa de 30 francos por dia. De resto, os próprios Lumière tinham suas dúvidas: eles não compareceram à sessão, na qual estiveram representados por seu pai. Clement Maurice, famoso fotógrafo da época e cliente da indústria de material fotográfico que os Lumière mantinham em Lyon, confirmaria mais tarde essa inccerteza: " Alugamos a sala do Grand Café - disse ele que colaborou nos preparativos para a primeira projeção - sem ter a menor ideia do sucesso que rapidamente obteriam as demonstrações. A sala, aliás, só comportava uma centena de pessoas. A receita da primeira jornada, muito magra, não passou de 33 francos. Mas três semanas após a abertura já apurávamos de dois mil a dois mil e 500 francos por dia; e sem nenhum anúncio pelos jornais.

A projeção dos 10 filmes do programa - informa Maurice - durava cerca de 20 minutos. Depois de um curto intervalo para restabelecimento da máquina, tudo recomeçava. A afluência do público era de tal ordem que logo exigiu a presença da polícia para evitar invasões: "Já à tarde (as sessões começavam às 10 horas da manhã e iam até 11 da noite) as pessoas formavam filas imensas, que se perdiam de vista pela Rua Caumartin".

Durante vários meses, a programação permaneceu basicamente a mesma:La Sortie des Usines Lumière, L´Arrivée d´un Train, Le Mur, L´Arroseur Arrosé, La Pêche aux Poissons Rouges, Le Debarquement des Congressistes, Les Forgerons, Partie d´ecarté, Le Repas, La Mer.

L´Arroseus Arrosé pode ser considerado o primeiro filme cômico. Em La Peche aux Poissons Rouges, os atores eram o casal Auguste Lumière e seu filho. Todos os filmes foram planejados e rodados por Louis Lumière, que foi a um só tempo o primeiro operador, o primeiro diretor e o primeiro produtor do cinema. Se não esteve presente à estreia de seu invento, ele pode ler dois dias depois em Le Radical: " O cinematógrafo está partindo do modesto Salão Indiano para a conquista do mundo".. Outro jornal diria: "É a própria vida, é o movimento vivo que se vê no cinematógrafo. A fotografia deixou de fixar a imobilidade. Ela agora perpetua a imagem do movimento. Quando esses aparelhos estiverem ao alcance do público, quando todos puderem fotografar aqueles que lhes são caros não mais numa forma imóvel mas em pleno movimento, em plena ação e nos seus gestos familiares, a morte deixará de ser absoluta".


Fonte: Blog Hoje na História - CPDOC/Jornal do Brasil. Disponível em: http://jblog.com.br/hojenahistoria.php

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Historiadora se emocionou ao falar da divisão em sua família causada pela militância política

A historiadora Nilza Pontes se emocionou ao falar da divisão em sua família causada pela militância política. Enquanto ela lia o "Manifesto do Partido Comunista", o pai atuava na repressão. Vejam o depoimento que ela prestou à Comissão Nacional da Verdade, em Belém.

20 de dezembro de 1963: O julgamento dos carrascos de Auschwitz



Por: Lucyanne Mano

Reprodução: Blog Hoje na História

Havia demorado quase duas décadas do final da 2ª Guerra para que a Justiça alemã reagisse aos acontecimentos na polonesa Osviecim. Sob a acusação de participarem do extermínio de milhões de pessoas, incluindo mulheres e crianças, ex-funcionários do campo de concentração de Auschwitz foram levados a julgamento em Frankfurt - pela primeira vez com a presença de numerosíssimo público - que ocorreu no Tribunal juntamente com 220 jornalistas e várias equipes de televisão.



Ao mesmo tempo que se iniciava o julgamento, a chamada Comissão de Auschwitz, criada pelo Governo polonês, solicitava ao representante de Gana em Varsóvia a extradição do Dr. Horst Schumann, conhecido pelas experiências de eutanásia, esterilização e castração realizadas nos presos do campo de concentração. Depois da guerra, ele fugira para Gana, onde passou a trabalhar no Serviço de Saúde.

Wilhelm Boger, um dos principais acusados e temido pelo grau atroz de suas torturas, se recusou a prestar esclarecimentos sobre Auschwitz, alegando precário estado de saúde, e receando não sobreviver ao julgamento.

Vários anos decorreram antes de que ficassem prontos os autos da acusação, que ocupou mais de 16 mil páginas de um total de 80 volumes. A investigação, que culminou com o julgamento dos réus, começou quando um ex-prisioneiro do campo de concentração, Emil Vulkan, encontrou na cidade de Breslau, a salvo das chamas que a consumiam, uma série de documentos contendo as listas dos executados em Auschwitz e dos algozes a quem coube sua morte. Os papéis ficaram guardados com Emil por 13 anos, até serem apresentados ao promotor público Fritz Bauer, em Frankfurt.

Entre os acusados, além de Wilhelm Boger, estavam Robert Mulka, comandante da Tropa de Segurança de Auschwitz (idealizador dos crematórios e dos complexos de câmara de gás); Pery Broad, representante político e membro da Gestapo, de origem brasileira; Oswald Kaduk, o "Satanás de Auschwitz", e o dentista Willi Schatz.

Nenhum dos réus demonstrou qualquer tipo de arrependimento diante do tribunal. A maioria seguiu os conselhos de seus advogados e calou-se em juízo. 

No dia 19 de agosto de 1965 encerrava-se o julgamento que acabou entrando para a história como símbolo de que os crimes cometidos em Auschwitz não poderiam ficar impunes. O juiz proclamou 17 sentenças, com penas que iam desde prisão perpétua por assassinato (para seis réus) a três absolvições, as quais causaram indignação tanto na Alemanha como no exterior.

Outras efemérides de 20 de dezembro

Dr. Schumman viveu sob proteção do chefe de Estado de Gana até 1966, quando foi extraditado para a Alemanha Ocidental onde um julgamento contra ele foi aberto em Frankfurt em 23 de setembro de 1970. No entanto, Schumann foi libertado da prisão em 29 de jullho de 1972, alegando as precárias condições de saúde. Ele morreu em 5 de maio de 1983.

Wilhelm Boger terminou seus dias em regime de prisão perpétua na Alemanha, implorando para ver seus netos, mas recusado por todos os seus descendentes. Ele morreu em 03 de abril de 1977, 19 anos após sua prisão e julgamento.

Robert Mulka foi considerado culpado de cumplicidade no assassinato de 750 pessoas em pelo menos quatro ocasiões distintas, e foi condenado a 14 anos de prisão. Ele tentou o suicídio, sem sucesso, na prisão, e acabou liberto 1968 por conta da saúde fragilizada. Morreu no ano seguinte, em 26 de abril, em Hamburgo.

Pery Broad foi condenado a quatro anos de prisão. Cumpriu parte da pena e foi liberado sob custódia. Livre, viveu discretamente até morrer em 28 de novembro de 1993.

Oswald Kaduk foi condenado à prisão perpétua. Mas, por motivos de saúde, acabou libertado em 1989. Morreu em 31 de maio de 1997.

Willi Schatz foi um dos absolvidos, por falta de provas e dúvidas quanto à dua verdadeira atuação no campo de concentração,

Fonte: Blog Hoje na História - CPDOC Jornal do Brasil. Disponível em: http://jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=30879

sábado, 15 de dezembro de 2012

A História de Frei Tito

A repressão vivida no Brasil no final da década de 60 e início da de 70 foi responsável pelo desaparecimento e morte de centenas de prisioneiros políticos. Amparados pela Lei de Segurança Nacional, autoridades civis e militares prenderam e torturaram jovens e militantes no período considerado pelos historiadores como o mais repressivo da história recente do país. Tito de Alencar, um frei dominicano, adepto do combate à repressão, foi preso e submetido às mais bárbaras sevícias destinadas aos que contrariavam o status-quo. Banido do país, encontrou a liberdade abraçando ao suicídio: foi a única maneira de livrar-se dos algozes que jamais deixaram de habitar seu universo interior.






quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Mestre do baião, Luiz Gonzaga completaria 100 anos nesta quinta


Autor de sucessos como Asa Branca, Baião de Dois e Qui Nem Jiló, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, completaria 100 anos nesta quinta-feira (13). Considerado um dos compositores mais importantes da música popular brasileira, Gonzagão, que morreu em agosto de 1989, aos 76 anos, ganhou filme contando sua história de vida para comemorar a data. Gonzaga - De Pai Pra Filho, que chegou aos cinemas em outubro, mostra a biografia de Luiz Gonzaga e retrata, ao mesmo tempo, como era a relação entre ele e o filho Gonzaguinha.

Luiz Gonzaga é homenageado pelo Google em seu centenário

Doodle em comemoração aos 100 anos de Luiz Gonzaga.
Reprodução:Blog Falando de História

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, no povoado de Araripe, extremo oeste do estado de Pernambuco, a 700 km do Recife. Seu pai trabalhava na roça e nas horas vagas tocava acordeão. Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocar o instrumento. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai.
Antes dos 18 anos, Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro e ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram algum tempo escondidos e planejavam ser felizes juntos. Mas, sem o apoio da família e revoltado por não poder se casar com a moça, fugiu de casa e ingressou no exército.

Deixou o exército em 1939 e passou a se dedicar à música. Em 1941, foi aplaudido de pé no programa de Ary Barroso ao tocar Vira e Mexe, o que lhe rendeu a contratação com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais. Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, Dança Mariquinha.

Também em 1945, uma cantora de coro com quem o artista mantinha um caso deu à luz um menino. Apesar de não ser o pai biológico da criança, sabendo que sua amante ia ser mãe solteira, assumiu a paternidade e deu seu nome ao enteado.
A relação com Léia foi cheia de brigas e eles resolveram se separar com menos de 2 anos de convivência. Em 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até o fim da vida de Luiz. Eles não tiveram filhos biológicos, porque Helena não podia engravidar, mas adotaram uma menina, a quem batizaram de Rosa.

Nesse mesmo ano Léia morreu de tuberculose, e o filho deles, apelidado de Gonzaguinha, ficou órfão. Luiz queria levar o menino para morar com ele e Helena, e pediu para a mulher criá-lo como se fosse dela, mas Helena não aceitou. Sem ver saída, o cantor entregou o filho para os padrinhhos, mas deu assistência financeira e ia visitá-lo com frequência.

A relação entre eles esfriou nos anos seguintes e Gonzaguinha se recusou a ir morar com o pai durante sua adolescência. Aos 14 anos, o menino contraiu tuberculose e quase morreu. Luiz resolveu criá-lo a força, mas por ser muito autoritário e a mulher destratar o garoto, acabou mandando o adolescente para um internado. 

Ao crescer, a relação ficou ainda mais tumultuada, com Gonzaguinha se tornando viciado em bebidas alcoólicas. Mas, com o passar do tempo, Gonzaguinha resolveu se tratar, concluiu a universidade, e se tornou músico como o pai. Os dois ficaram mais unidos quando em 1979 viajaram pelo Brasil juntos, e o filho compôs algumas músicas para o pai.

Luiz Gonzaga sofria de osteoporose e morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória no dia 2 de agosto de 1989, no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e enterrado em seu município natal.

Fonte: Terra Disponível em: http://musica.terra.com.br/mestre-do-baiao-luiz-gonzaga-completaria-100-anos-nesta-quinta,8386ada0db39b310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

Vídeo relacionado

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Uma Era Monumental: a história do Estádio Olímpico (Documentário)


Documentário que conta a história do Estádio Olímpico Monumental, local que deixará de ser a casa do Grêmio no ano de 2012, mas que marcou e foi a vida do tricolor gaúcho por mais de meio século. Entrevistados como Danrlei, Mazaropi, Ancheta, Tarciso Flecha Negra, Cacalo, Paulo Sant'ana, Ruy Carlos Ostermann, Hélio Dourado, Paulo Odone, entre outros, contam os principais momentos deste estádio desde a sua inauguração, em 1954, até os dia de hoje.
"Uma Era Monumental" é uma produção do site Travinha Esportes em parceria com a Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos).

Equipe
Roteiro e Reportagem: Marcus Von Groll e Rafael Kehl
Imagens: Marcus Von Groll, Vinicius Vargas e Pedro Farias
Imagens de Apoio: Memorial Herminio Bittencourt
Edição: Vinicius Vargas e Marcus Von Groll
Direção: Marcus Von Groll
Supervisão: Luiza Carravetta
Realização: Travinha Esportes (www.travinha.com.br) e Unisinos (www.unisinos.br).

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Considerações do professor Benito Schmidt e Paulo Paim sobre a regulamentação da profissão de historiador


A recente aprovação do projeto de regulamentação da profissão de historiador no Senado Federal, no último dia 7, tem gerado algumas controvérsias que, do nosso ponto de vista, derivam de certas incompreensões e até mesmo do desconhecimento do texto do projeto.

Alguns têm alegado que a regulamentação conduzirá ao cerceamento da liberdade de expressão daqueles que, mesmo não sendo historiadores de formação, escrevem sobre o passado.

Neste sentido, citam, inclusive, nomes de grandes intelectuais que produziram e continuam produzindo verdadeiros clássicos da historiografia brasileira.

Outros afirmam que a necessidade de formação específica levará à falta de professores de história no ensino fundamental, já que hoje muitos ministrantes desta disciplina realizaram outros cursos de graduação, como pedagogia, ciências sociais e filosofia.

Sobre o primeiro argumento contra o projeto, ele só é manifestado por quem não conhece o seu teor. Em nenhum momento foi proposto que historiadores profissionais tenham exclusividade na formulação e divulgação de narrativas históricas.

Jornalistas, cientistas sociais, diplomatas, juristas, economistas e todos os cidadãos poderão continuar a produzir conhecimento histórico -e esperamos que isso aconteça, pois só a partir de perspectivas diferentes e multidisciplinares conseguiremos fazer avançar a historiografia brasileira que, por sinal, é bastante consistente e tem grande reconhecimento internacional.

Além disso, advogar esta exclusividade aos historiadores profissionais seria atentar contra as liberdades democráticas, o que não é o caso aqui. Prova disso é que o projeto foi apoiado por todas as lideranças partidárias do Senado, demonstrando que ele não tem um viés político-partidário específico.

Quanto ao segundo argumento, defendemos sim que os professores de história realizem alguma etapa de sua formação em história (na graduação ou na pós-graduação), já que acreditamos que nossos alunos do ensino básico devem ter o direito de aprender com docentes qualificados e possuidores de conhecimentos e habilidades específicas nas áreas que lecionam.

Isso não é desmerecer professores de outras disciplinas, mas reconhecer que cada campo disciplinar implica a aquisição de saberes específicos, mesmo que em diálogo com outros âmbitos de conhecimento. (No caso dos professores de história, por exemplo, a atenção às múltiplas temporalidades, a crítica e a interpretação dos documentos, a atualização historiográfica, a atenção às relações entre história acadêmica e história ensinada etc.)

De qualquer forma, esta especialização do corpo docente não se dará de uma hora para outra. Afinal, a própria Lei das Diretrizes e Bases da Educação prevê que, quando não há professores formados nas disciplinas específicas, devem ser aproveitados professores com outras formações e só, em último caso, professor sem nenhum formação.

Isso não impede, contudo, que, a médio e longo prazo, continuemos lutando pela qualificação e especialização de nossos professores, sem deixar de estimular, é claro, o saudável diálogo interdisciplinar.

Ou seja, o projeto não veda a ninguém o direito de escrever sobre história nem pretende impor de uma hora para outra a especialização a todos os docentes. Apenas quer assegurar a presença de historiadores profissionais em espaços dedicados ao ensino e à pesquisa científica em história, para que esses possam, em colaboração com outros estudiosos, contribuir para o avanço da área.

PAULO PAIM, 62, é senador pelo PT-RS, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado e autor do projeto de lei citado no artigo
BENITO BISSO SCHMIDT, 42, é professor de história da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e presidente da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil)

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

Artigo extraído do site da ANPUH-Brasil. Disponível em: http://www.anpuh.org/informativo/view?ID_INFORMATIVO=3639

Fatos importantes da História recente do Brasil

O  britânico estadista e homem de letras Philip Chesterfield, declarou que:  "A mais lamentável de todas as perdas é a perda do tempo" e é neste sentido trazemos a seleção de fatos apontados pelo Blog Hoje na História, pois acreditamos naquilo que Cleide Regina Scarmello poeta e escritora certa ocasião disse: "Já não choro mais minhas perdas,agradeço a experiência"

Por isso, é que afirmamos que o Falando de História é contrário a uma História que só priveligie os vencedores. As derrotas, as tristezas, os fracassos fazem parte da trama histórica. Ao contrário do pensamento Oscar Wilde que afirmou que  "Todos sabem fazer história, mas só os grandes sabem escreve-la" é que perguntamos. Porque só os grandes teriam o direito de estarem na História? A memória que é o fio condutor da interpretação do historiador tem que ser respeitada, memso que não esteja de acordo com os interesses de seus interlocutores. Segue os fatos destacados pelo Blog Hoje na História.

30 de novembro de 1980: Cartola, um vazio se fez no samba
29 de novembro de 1947: A partilha da Palestina
20 de novembro de 1975: Adeus a Erico Veríssimo, o escritor do Rio Grande
20 de novembro de 1985: Morre Fernand Braudel

Blog relacionado:
http://jblog.com.br/hojenahistoria.php

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Hoje na História: Morre o jornalista Joelmir Beting

Morreu no início da madrugada desta quinta-feira (29) o jornalista Joelmir Beting, aos 75 anos. Ele estava internado desde o dia 22 de outubro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e, no domingo (25), sofreu um acidente vascular encefálico hemorrágico (AVE). Nesta quarta-feira (28), o hospital Albert Einstein informou que o jornalista estava em coma irreversível. O corpo de Joelmir Beting será velado a partir das 8h, no Cemitério do Morumbi, na Zona sul. O velório vai ser aberto ao público. A cremação ocorrerá no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, às 16h, numa cerimônia restrita à família. Veja imagens da carreira de Joelmir Beting Seu filho, o também jornalista Mauro Beting, divulgou na rede social Facebook o horário da morte do pai, e escreveu: “um minuto de barulho por Joelmir Beting: 21 de dezembro de 1936 - 0h55 de 29 de novembro de 2012”. Mauro estava no ar, na Rádio Bandeirantes, quando soube da morte do pai, e leu uma carta.

Seu filho, o também jornalista Mauro Beting, divulgou na rede social Facebook o horário da morte do pai, e escreveu: “um minuto de barulho por Joelmir Beting: 21 de dezembro de 1936 - 0h55 de 29 de novembro de 2012”. Mauro estava no ar, na Rádio Bandeirantes, quando soube da morte do pai, e leu uma carta


Joelmir atuava como comentarista de economia no grupo Bandeirantes. Ele tinha mais de 55 anos de carreira.
Joelmir Beting nasceu em Tambaú, interior de São Paulo, em 21 de dezembro de 1936. Em 1957, começou a estudar sociologia na Universidade de São Paulo (USP) para fazer carreira no jornalismo. Em 1957, iniciou carreira na editoria de esportes. Trabalhou nos jornais “O Esporte” e “Diário Popular” e também na rádio Panamericana, que posteriormente virou Jovem Pan.
Em 1962, sociólogo formado, trocou o jornalismo esportivo pelo econômico. Em 1968, virou editor de economia do jornal “Folha de S.Paulo”. Em 1970, lançou sua coluna diária, que foi publicada durante anos por uma centena de jornais brasileiros, com o timbre da Agência Estado.

Em 1991, o profissional iniciou nova fase no jornal “O Estado de S.Paulo”. A coluna foi mantida até 30 de janeiro de 2004. No mesmo ano que ela foi lançada, em 1970, Joelmir também começou a passar informações diárias sobre economia nas rádios Bandeirantes, CBN, Jovem Pan e Gazeta e nas redes de TV Bandeirantes, Gazeta, Record e Globo, até 2003.

Em março de 2004 voltou ao grupo Bandeirantes. Permaneceu até hoje como comentarista econômico nas rádios Band News FM e Bandeirantes, e também do Jornal da Band, na TV. Também era um dos âncoras do programa de entrevistas “Canal Livre”. Na Rede Globo, trabalhou por 18 anos.
Ele escreveu ainda dois livros: "Na prática a teoria é outra" e "Os juros subversivos".
Joelmir Beting deixa dois filhos: o publicitário Jean Franco e o jornalista esportivo Mauro


Link relacionado: 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Indicação de Blog


Estava navegando no Facebook e encontrei este blog: Historiador Profissional. O espaço priveligia discussões sobre o direito dos historiadores regulamentarem sua profissão e estabelecer critérios de exercício profissional no campo da História. 

A discussão proposta por este blog é extremamente relevante, com textos que auxiliam a reflexão da regulamentação da profissão do historiador aprovado pelo Senado neste ano.

Para acessa-lo, clique no link ao lado: http://historiadorprofissional.blogspot.com.br/

domingo, 25 de novembro de 2012

"É como se o meu pai se materializasse", diz filha de Rubens Paiva sobre os papéis que comprovam a prisão do político

Por Carlos Etchichury

Professora da Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), Vera Paiva, 58 anos, saía de uma sala de aula quando conversou com Zero Hora, no início da noite desta quarta-feira, sobre documentos reveladores acerca do desaparecimento de seu pai, ex-deputado Rubens Paiva (PTB), 41 anos atrás.

— Fiquei completamente arrepiada com os materiais apreendidos. É como se o meu pai se materializasse na minha frente, de paletó e gravata, saindo de casa — disse Vera, ao tomar conhecimento do documento que, pela primeira vez, oficializa a passagem de Paiva pelo DOI-Codi, no Rio de Janeiro.

Vera era adolescente quando Rubens Paiva foi visto pela última vez, no Rio. Conduzido por militares em 20 de janeiro de 1971, o ex-parlamentar do PTB teria sido levado para a sede do DOI-Codi, no dia seguinte.

— Espero que essa revelação puxe outros fios e que as pessoas se comovam para resolver o problema da tortura no Brasil — complementa Vera.

Irmão de Vera, o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva definiu como "chocante" o teor do documento lido para ele pela reportagem de ZH:

— Eu tô vendo o meu pai... Eu já vi essa cena na minha cabeça umas 7 mil vezes: meu pai chegando ao DOI-Codi.

Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado Rubens Paiva do PTB.
Foto: Felipe Hellmeister, Divulgação: Zero Hora.com
"Sempre é a imprensa que conta a história", diz o filho Marcelo

Para Marcelo, é revelador do estágio da democracia no país e do papel relevante da imprensa.

— É a prova cabal de que a Comissão da Verdade é mais do que útil e precisa trabalhar. Não podemos deixar o acaso contar a história. A história precisa ser contada através de investigação, de apuração. Nunca é o Estado que está revelando. Foi através de jornalistas que nós soubemos do desaparecimento do meu pai. Sempre é a imprensa que conta a história — observou Marcelo.

Na opinião do escritor, trata-se de uma prova "contundente" de que o ex-deputado Rubens Paiva esteve preso no DOI-Codi.

— E aí? Cadê? O que aconteceu com ele? — complementa.

As revelações do acervo do coronel Julio Miguel Molinas Dias, 78 anos, também repercutiram junto à Comissão da Verdade Rubens Paiva, em São Paulo, que se dedica a apurar casos de desaparecimentos durante a Ditadura Militar.

Coordenador da comissão, o jornalista Ivan Seixas ressalta o aparecimento de uma prova irrefutável de que Paiva esteve num aparelho do Estado no dia 21 de janeiro de 1971 — um dia depois de ser visto pela última vez, deixando sua casa no Rio.

— É a primeira vez que se tem nas mãos um registro documental de que ele esteve no DOI-Codi — complementa Seixas, que pretende ter acesso ao material em poder da polícia gaúcha.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Portal Falando de História de volta

O problema no servidor MySql sql103, ao qual está hospedado o Portal Falando de História foi resolvido. Sites  alocados neste servidor, ficaram temporariamente sem acesso, das 08h às 08h 40min. Como explica a HostNet no seu blog.

Sobre o problema do Portal Falando de História

A HostNet, a empresa que hospeda o Portal Falando de História, publicou a seguinte nota em seu blog:

Prezados Clientes,

Informamos que devido a uma falha técnica no servidor de MySql sql103, clientes nele alocados estão temporariamente sem acesso.

Estamos trabalhando para resolver o mais rápido possível e em breve passaremos mais informações aqui neste post.

Pedimos desculpas pelos transtornos e agradecemos desde já pela sua compreensão.

Nota publicada em: http://www.hostnet.com.br/blog/mysql-fora-sql103/

Portal Falando de História fora do ar

Informamos que o Portal Falando de História e  estamos entrando em contato com a HostNet para saber o motivo do problema. Estamos trabalhando para sanar a situação.
Grato pela compreensão,
Noé Gomes

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Sobre Mudanças no Ensino Médio


Sociedades científicas discutem mudanças no Ensino Médio propostas pelo MEC com o presidente do Conselho Nacional de Educação

As últimas avaliações responsáveis por revelar o desempenho de estudantes do Ensino Médio têm colocado a educação brasileira em um cenário crítico. A falta de qualidade, empenho do setor, mecanismos eficientes voltados para a aprendizagem do estudante e políticas públicas para a formação de futuros profissionais e cidadãos se tornaram os atuais desafios do país.

As Novas Diretrizes para o Ensino Médio estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e aprovadas pelo colegiado em 4 de maio de 2011, definem uma base comum (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), e uma base diversificada. No entanto, o Ministério da Educação (MEC) propôs recentemente a integração das diversas disciplinas da área comum, justificando essa proposta pela necessidade de modernização com maior integração entre os diversos conhecimentos. Essa iniciativa do MEC provocou preocupações entre as sociedades científicas e entidades representativas da área educacional.

Para a presidente da SBPC, Helena Nader, é preciso lembrar que um terço da população brasileira não consegue utilizar o conhecimento da língua para se inserir nas práticas sociais e somente 26% da população adulta do país é capaz de ler e interpretar textos, o que representa um cenário deficiente para a educação.

“Externo nossa preocupação com a notícia de que o MEC está preparando editais para a produção de livros integrados para o Ensino Médio. Ninguém é contra o conhecimento integrado, nenhuma sociedade científica se posicionou contra o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que faz uma avaliação integrada do conhecimento adquirido pelo estudante. Precisamos avaliar com muita cautela as mudanças, pois não temos professores formados para atender à ‘nova proposta’ para o Ensino Médio com a integração das áreas”, disse Nader.

Diante do desafio de colocar o país em um patamar mais elevado no ranking da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), a SBPC e Sociedades Científicas se reuniram com o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), prof. dr. José Fernandes Lima, na última quarta-feira, dia 10, em Brasília, para discutir o tema.

Na reunião, o presidente do CNE, que foi o relator das Novas Diretrizes para o Ensino Médio, afirmou que as diretrizes aprovadas mantêm o ensino das disciplinas. Lembrou ainda que os cursos de licenciatura não estão preparados para formar esse novo profissional que o MEC deseja para esse novo cenário do ensino médio que está propondo. “A organização por áreas não significa acabar com as disciplinas”, comentou Fernandes Lima.

Para as sociedades e entidades do setor, a fragmentação do ensino é nefasta para todos. O conhecimento é integrado, mas o Brasil não está preparado para atender à mudança proposta pelo MEC. Os professores formadores, os já formados e os formandos nas diferentes licenciaturas devem ser trazidos para o debate, aproximando assim a Universidade da escola básica.

"Não há dúvida de que é preciso começar a pensar e implementar a interdisciplinaridade, mas a mudança das diretrizes disciplinares não pode ser veloz e o sistema não permite saltos. Sabemos que a formação dos professores é disciplinar, fragmentada, e especializada. Mudar isso exigirá de 10 a 20 anos: novos currículos universitários, novos critérios de avaliação e de valores acadêmico-disciplinares. Será necessária muita discussão e boa disposição na comunidade científico-acadêmico-educacional para encontrar consenso e bom senso para promover essa integração.", afirmou a profa. dra. Lisbeth Cordani, do Grupo de Trabalho de Educação da SBPC.

Outro ponto levantado no encontro foi a necessidade de se utilizar recursos tecnológicos em sala de aula. “As aulas têm que ser mais dinâmicas e interessantes. Os recursos tecnológicos devem ser utilizados para atrair a atenção e o interesse dos alunos. É necessário também período integral para ter uma boa formação, mas o Brasil não tem condições hoje de atender a esta demanda. A integração entre os professores que estão em sala de aula é fundamental para que possam trabalhar, minimamente, de forma interdisciplinar. E isso deve ser considerado por aqueles que estão na Universidade envolvidos na formação de professores”, disse Tânia Schmitt, da SBMAC.

A Abrapec enviou carta ao Ministério da Educação ressaltando a importância de que as propostas de modificações reconheçam a necessidade de mudanças concomitantes no sistema educacional como um todo, principalmente daquelas referentes à melhoria nas condições de trabalho do professor em exercício, da remuneração dos professores e da estrutura física das escolas. Este posicionamento foi reiterado pela dra. Dalila Oliveira, da Anped, e pelos demais representantes das sociedades científicas presentes.

A Sociedade Brasileira de Química também encaminhou ao ministro Aloizio Mercadante, documento solicitando informações sobre qual estudo o MEC se baseou para elaborar a proposta de reforma do currículo do ensino médio no País. “Uma mudança desta tem que ser conduzida com base em sólidos estudos, pois afetará muitos professores e alunos, e deve ser refletida e discutida com a sociedade”, disse o presidente Vitor Francisco Ferreira.

As sociedades científicas concluíram que a reforma como se apresenta é intempestiva e que o MEC deveria propor a formação de grupos de trabalho com diferentes atores para estudar a proposta sugerida, considerando a sua viabilidade e potencial de implementação.

Participaram do encontro as seguintes entidades: Associação Brasileira de Antropologia (ABA); Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC); Associação Nacional de História (ANPUH); Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE); Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped); Sociedade Botânica do Brasil (SBB); Sociedade Brasileira de Biologia (SBB); Sociedade Brasileira de Biologia Celular (SBBC); Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq); Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM); Sociedade Brasileira de Física (SBF); Sociedade Brasileira de Genética (SBG); Sociedade Brasileira de Matemática (SBM); Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) e Sociedade Brasileira de Química (SBq).

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Historiadores se dividem sobre lei que regula a profissão

Reprodução: Café História

De acordo com o texto, que ainda precisa ser votado na Câmara dos Deputados, apenas quem tem diploma de graduação, mestrado ou doutorado pode exercer a profissão, em atividades como o magistério, a pesquisa e a organização de documentos e informações históricas.
A maior parte dos historiadores ouvidos pela Folha classifica o projeto de corporativista. Outros, mesmo quando se declaram contrários ao "monopólio do saber", defendem a obrigatoriedade da formação ao menos para os professores de história.
"Isso é um corporativismo inadmissível. Reserva de mercado é algo absurdo. Posso listar grandes historiadores brasileiros que não são formados em história", diz o cientista político e historiador José Murilo de Carvalho, ele mesmo sem graduação na área, mas com pós-doutorado em história.
"Se for para lecionar, faz sentido, porque precisa ter formação na área", diz Carlos Guilherme Mota, professor emérito da USP, que defende a obrigatoriedade do diploma para professores do ensino fundamental e médio.
"Para dar aula em universidade eu deixaria em aberto, porque há antropólogos e sociólogos com formação histórica sólida", completa.
O autor do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), afirma que mesmo em faculdades as aulas de história devem ser ministradas por um diplomado. "Naturalmente, não vou querer que arquiteto forme médico, por exemplo. Por que ia ser diferente no caso de historiador?"
Para Paim, o projeto não impede que especialistas de outras áreas, como advogados, jornalistas e médicos, deem palestras e escrevam livros sobre história.
Uma das principais críticas é justamente a possibilidade da medida tornar a produção desse tipo de conteúdo exclusividade dos historiadores.
"Seria uma limitação à liberdade de expressão", diz Evaldo Cabral de Mello, historiador que não é formado na área, mas tem título de notório saber concedido pela USP. Para Boris Fausto, livre-docente em história do Brasil pela mesma universidade, "há especialistas em áreas técnicas, como arquivo e documentação, com maior capacidade do que o historiador para essas funções".
Fonte: Folha Online 
Extraído do Café História. Disponível em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network 

Blog Falando de História destaque em premiação



O Blog Falando de História que ficou entre os 100 mais votados na categoria “Arte e Cultura”. A votação encerrou-se no dia 10. No dia 25/11/2012 será feita a divulgação dos finalistas top3 no Júri popular, ou seja, os três blogs mais votados.

Indepedente do resultado final, agradecemos a todos que votaram no nosso blog. A cada dia que passa, estamos com o indice de vistação crescendo e isso só faz com que tenhamos cada vez mais o compromisso não só com a comunidade acadêmica, mas também com a sociedade como um todo.

No dia 25 segundo a organização da premiação a  divulgação dos VENCEDORES (TOP1, TOP2, TOP3) será no dia 08/12/2012, na cerimônia de entrega dos prêmios realizada pela organização do Prêmio Top Blog, na cidade de São Paulo/SP.

Também agradecemos a organização pelo espaço e reafirmamos que nos sentimos extremamente honrados pela participação nesta premiação.

Ao publico que nos acompanha e nos prestigia o nosso muito obrigado também!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Para pensar..


Fonte: Blog História Pensante

Apoie você também!


Resposta da ANPUH à Folha de São Paulo


Mais uma boa resposta da ANPUH, dessa vez à Folha de São de Paulo:
Resposta da ANPUH ao artigo da Folha de S.Paulo
PROFISSÃO DE HISTORIADOR:
MARCHA DA INSENSATEZ OU DO DESCONHECIMENTO?

Nós, historiadores profissionais, sabemos que uma das regras básicas do nosso ofício é a elaboração de um discurso de prova, assentado na pesquisa e na crítica dos vestígios do passado, os documentos. Fernando Rodrigues, por não ter essa formação, talvez desconheça essa regra tão elementar e, por isso, não se deu ao trabalho de ler com atenção o documento que deveria balizar a sua análise (sic) publicada no jornal Folha de São Paulo de 10 de novembro de 2012: o Projeto de Regulamentação da Profissão de Historiador, aprovado no Senado Federal na última quarta-feira. Em nenhum momento este projeto veda que pessoas com outras formações, ou sem formação alguma, escrevam sobre o passado e elaborem narrativas históricas. Apenas estabelece que as instituições onde se realiza o ensino e a pesquisa de História contem com historiadores profissionais em seus quadros, por considerar que, ao longo de sua formação, eles desenvolvem habilidades específicas como a crítica documental e historiográfica e a aquisição de conhecimentos teóricos, metodológicos e técnicos imprescindíveis à investigação científica do passado. Da mesma maneira, a regulamentação pode evitar que continuem a se verificar, nos estabelecimentos de diversos níveis de ensino, situações como a de o professor de História ser obrigado a lecionar Geografia, Sociologia, Educação Artística, entre outras disciplinas, sem ter formação específica para isso (e vice-versa).

Temos certeza que o Senador Cristovam Buarque, tão sensível aos problemas da educação brasileira, apóia esta idéia, pois ela possibilita um ensino mais qualificado. 

Temos certeza também que o Senador José Sarney, conhecedor do teor do projeto, está tranqüilo, pois sabe que não vai ser impedido, como nenhum cidadão brasileiro, de escrever sobre a história de seu estado, ou de qualquer período, indivíduo, localidade ou processo. Isso atentaria contra as liberdades democráticas, das quais os historiadores profissionais são grandes defensores. 

Fique tranqüilo senhor Fernando Rodrigues, o senhor também poderá escrever sobre história. Só sugerimos que leia os documentos necessários antes de o fazer. 

Benito Bisso Schmidt 

Presidente da Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil

Extraído do Blog Historiar. Disponível em: http://arturpeixoto.blogspot.com.br/2012/11/resposta-da-anpuh-folha.html

Link relacionado:
Historiador? Só com diploma. Por Fernando Rodrigues. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/77070-historiador-so-com-diploma.shtml

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Governo oficializa anistia política de Carlos Marighella


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, oficializou a anistia post mortem de Carlos Marighella, guerrilheiro morto pelo regime militar (1964-1985) em 1969. A declaração está na Portaria 2.780, publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União. Marighella já havia recebido o reconhecimento em dezembro passado, na 6ª Sessão de Julgamento da Caravana da Anistia, realizada em Salvador (BA).

Imagem: Jornal Estado de São Paulo
Marighella foi militante do Partido Comunista Brasileiro e um dos principais organizadores da luta armada contra o regime militar depois de 1964. Ele morreu assassinado em 1969 em São Paulo por agentes da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops). Antes da anistia política, o Estado já havia reconhecido, em 1996, que fora responsável pela sua morte.

O guerrilheiro iniciou a militância aos 18 anos de idade, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro. Preso em 1936 durante a ditadura de Getúlio Vargas, foi eleito deputado federal constituinte em 1946 e, no ano seguinte, foi cassado. Quase 20 anos depois, foi preso novamente pelo Dops. Em 1968, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN). Em 5 de dezembro passado, quando a Comissão de Anistia se reuniu em Salvador, se completou 100 anos do seu nascimento.

De acordo com informação prestada pelo Ministério da Justiça em dezembro, a família de Marighella não solicitou reparação econômica, apenas reconhecimento da perseguição ao militante. No total, foram publicadas na edição de hoje doDiário Oficial da União 34 portarias tratando de declaração de anistia, ratificação de condição de anistiado político e concessão de reparação indenizatória.

Portal FH com novo layout


O Portal Falando de História está passando por mais uma reformulação. Conseguimos depois de meses colocar o site numa plataforma mais moderna. Agora o site está alocado com o sistema worpress. Já de forma provisória a nova capa. Ainda falta migrar o resto do site. Esta modificação integra uma série de novidades a serem divulgadas para o final deste ano e início de 2013. 

Por enquanto mantemos de maneira ininterrupta o serviço de divulgação de eventos, que podem ser vistos no novo site, em www.falandodehistoria.com.br

Série Pensadores: Mahatma Gandhi



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Aprovado projeto que regulamenta profissão de historiador


Aprovação deixa projeto muito próximo de uma realidade concreta. Entenda a situação.


O Senado aprovou nesta quarta-feira (7) projeto que regulamenta a profissão de historiador. O PLS 368/09, do senador Paulo Paim (PT-RS), estabelece que o exercício é privativo dos diplomados em cursos de graduação, mestrado ou doutorado em História. Os historiadores poderão atuar como professores de História nos ensinos básico e superior; em planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica; e no assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos para fins de preservação.

Aprovado nas comissões de Assuntos Sociais (CAS); de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); e de Educação, Cultura e Esporte (CE),  o projeto recebeu emenda, em Plenário, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) que retirou do texto original a referência aos locais onde o trabalho do historiador poderia ser desempenhado.



Discussão

Assim como Pedro Taques (PDT-MT), o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) votou contra o projeto. Ele considerou "um profundo equívoco" dar exclusividade em atividades de ensino e pesquisa, seja em graduação ou pós-graduação, apenas para quem tem formação em História. Na opinião do parlamentar, a situação cria "absurdos" como impedir que economistas, sociólogos, diplomatas ou outros profissionais qualificados ministrem a disciplina, havendo o risco de "engessar" o ensino da História.

– [A História] É a investigação sobre a evolução das sociedades humanas que tem que ser vista sob os mais diferentes prismas. História é política. História é vida. História é pluralismo. Não pode ser objeto de um carimbo profissional – argumentou.

Aloysio Nunes ainda condenou o que chamou de "reserva de mercado" dos profissionais com curso superior em História e a formação de uma "República Corporativa do Brasil", onde cada profissão exige "seu nicho de atividade exclusiva em prejuízo da universalidade do conhecimento".

Capacitação

Já a senadora Ana Amélia (PP-RS) defendeu o projeto ao ler relatório do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), aprovado na CCJ, em que este declara que "a omissão do legislador pode permitir que pessoas inabilitadas no exercício profissional coloque em risco valores, objetos ou pessoas."

O texto ressalta ainda a relevância do papel do historiador na sociedade, com "impactos culturais e educativos" capazes de ensejar "a presença de normas regulamentadoras" da profissão. E conclui que não pode permitir que o campo de atividade desses profissionais seja ocupado por pessoas de outras áreas, muitas delas regulamentadas, mas sem a capacitação necessária para exercer o trabalho.

A matéria segue agora para votação na Câmara dos Deputados.

Fonte: Agência Senado 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

“No Brasil não existem políticas públicas de acessibilidade em ambientes culturais”


Fonte da imagem: Portal Mara Gabrilli 

A técnica em cultura Márcia Beatriz trabalha pela inclusão cultural de pessoas com deficiência
Desde muito cedo, a mãe de Márcia Beatriz dos Santos percebeu que havia algum problema nos olhos da filha. Depois de consultar muitos médicos, veio o diagnóstico: glaucoma congênito. Na época, ainda criança, Márcia já não tinha a visão do olho direito e um percentual muito baixo no esquerdo. Aos onze meses de idade, ela já dava início à primeira de muitas cirurgias.
Hoje, já formada em Ciências Sociais e trabalhando na Secretária Municipal da Cultura de Porto Alegre, Márcia tornou-se responsável por uma pesquisa sobre Acessibilidade em Museus. Apaixonada por arte, usou sua experiência para ampliar o acesso de outras pessoas com deficiência aos equipamentos culturais da cidade.
Portal Mara Gabrilli: Como foi concluir a graduação em Ciências Sociais depois que havia perdido totalmente a visão? Você precisou da instituição para lhe garantir algum tipo de apoio para concluir o curso?



Márcia Beatriz dos Santos - Sempre frequentei a escola regular, sem utilizar recursos para baixa visão, uma vez que eu não era identificada como tal e, além disso, na década de 70 as escolas não propiciavam atendimentos diferenciados para as pessoas com deficiência. Quando ingressei na universidade ainda conseguia escrever e ler se a folha estivesse muito próxima de meu rosto. Porém, nos últimos semestres foi aumentando minha dificuldade e comecei a utilizar leituras realizadas por voluntários, textos gravados e provas orais. Tive todo o apoio da coordenadora do curso para que eu pudesse realizar o Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais. No entanto, a instituição não oferecia recursos para o ensino de pessoas com deficiência visual, o que, atualmente, é uma realidade.

Somente após concluir a graduação frequentei o Centro Louis Braille para aprender o Sistema Braille, locomoção e mobilidade e a legislação para pessoas com deficiência. Nessa época, conheci outras pessoas com deficiência visual, o que propiciou a vivência e a troca de experiências, assim como possibilitou a diminuição da ansiedade que circundava aquele momento que eu estava vivendo. Isso foi possível através do compartilhamento de angústias com pessoas que passavam pelas mesmas e/ou parecidas dificuldades que eu estava encontrando para ingressar no mundo do trabalho.
PMG: Você é funcionária da Prefeitura de Porto Alegre. Como foi fazer a prova para o concurso? Contou com algum recurso de acessibilidade para realizar o exame?



Márcia - Um ano após a conclusão da graduação, realizei o concurso para Técnico em Cultura da Secretaria Municipal da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre. Minha dificuldade começou no momento da inscrição, quando era obrigatória a apresentação do atestado médico com a Classificação Internacional de Doenças (CID). Porém, o médico que acompanhava meu tratamento não atestava minha cegueira e, ao mesmo tempo, a comissão do concurso não aceitava o laudo que ele estava enviando. Após apresentar três atestados desse mesmo médico tive minha inscrição homologada. Para a realização da prova contei com um “ledor” que realizava a leitura da prova. Esse recurso possibilitou que o exame fosse desenvolvido tranquilamente, pois a pessoa respeitou meu ritmo.

PMG: Hoje, o índice de participação de candidatos com deficiência em concursos públicos no País é inferior a 5%. Na sua opinião, a que deve essa participação tão baixa?



Márcia – Acredito que a baixa participação de candidatos com deficiência nesses concursos se deve, primeiramente, à dificuldade de aceitação da deficiência pela família que, com o intuito de proteger o deficiente, não estimula a inserção deste no mercado de trabalho. Da mesma forma, o ensino que hoje é oferecido para as pessoas com deficiência, em muitos casos, não as qualifica para concorrer em concursos públicos. Além disso, muitas pessoas que adquirem uma deficiência não são adequadamente reabilitadas, dificultando muitos aspetos da vida, e, principalmente, o retorno ao trabalho. Por fim, é importante destacar, a grande maioria das pessoas com deficiência desconhece a legislação sobre a reserva de mercado.

PMG: Como é a acessibilidade na cidade de Porto Alegre? E as opções de cultura para a população com deficiência?



Márcia – Porto Alegre, desde 1994, vem desenvolvendo projetos de acessibilidade na cidade, horas com mais intensidade, horas com menos. Atualmente, como nas demais cidades, o tema está em voga. No município, há uma frota parcial de ônibus adaptados, alguns adequados e outros não. Algumas ruas contam com rampas e/ou piso podotátil, e prédios foram adaptados, entre eles o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo. Diante disso, percebe-se que o tema necessita ser aprofundado, já que recebe ênfase em aspectos estruturais, ignorando-se, muitas vezes, aspectos comunicacionais e atitudinais.

No entanto, há uma tentativa de melhorar esses aspectos que apresentam falhas. Na área cultural, vários espetáculos foram realizados com acessibilidade plena para pessoas com deficiência. Destaca-se o espetáculo “Tangos e Tragédias”, em cartaz nas temporadas de verão de Porto Alegre desde a década de 80, o qual teve uma sessão com audiodescrição, sendo possível através desse recurso que pessoas cegas ou com baixa visão entrassem em contato com o espetáculo. Elas puderam conhecer o ambiente do Teatro São Pedro, o cenário, a iluminação, a caracterização, os gestos, a movimentação e as expressões dos atores. Também o espetáculo adulto “Inimigos de Classe” do diretor Luciano Alabarse teve uma de suas apresentações audiodescrita, possibilitando o acesso pleno das pessoas com deficiência visual ou baixa visão a todo o conteúdo visual do espetáculo: cenário, figurinos, luz, caracterização dos personagens e suas expressões, gestos e movimentos em cena. O filme “Menos que Nada”, longa de ficção com direção de Carlos Gerbase, teve uma sessão audiodescrita em cinema, além de contar com audiodescrição no DVD e legendas em português para surdos. Percebe-se, com isso, que o futuro na área de acessibilidade em ambientes culturais é promissor. Entretanto, as atividades realizadas ainda são pontuais, provavelmente devido à falta de informações de produtores e diretores a respeito da acessibilidade para pessoas com deficiência. É importante destacar ainda que a empresa Mil Palavras Acessibilidade Cultural, em parceria com o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, promoveu curso de capacitação em audiodescrição, com ênfase na formação de profissionais, para que venham a atuar como audiodescritores roteiristas, narradores e consultores, através de noções sobre a deficiência visual, de um conhecimento amplo sobre o recurso da audiodescrição e de uma série de experiências práticas.

PMG: Por que decidiu fazer uma pesquisa sobre Acessibilidade em Museus?



Márcia – Sempre tive uma participação na vida cultural de Porto Alegre, pois desde jovem me interesso por teatro, cinema, literatura e museus. No entanto, tive algumas dificuldades para acessar os espetáculos, pois os locais não ofereciam recursos acessíveis para pessoas com deficiência visual. No momento em que fui trabalhar no Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo, equipamento da Coordenação da Memória Cultural – Secretaria Municipal da Cultura –, deparei-me com uma diretora sensível às questões de acessibilidade, a qual convidou-me para cursar aEspecialização Patrimônio Cultural e Identidade na Universidade Luterana do Brasil/ULBRA Canoas, local onde ela leciona. A pesquisa intitulada “Acessibilidade em museus: o caso do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo” é fruto de minha monografia de conclusão de curso, que teve orientação da Profª. Drª. Maria Angélica Zubaran, diretora do Museu. Para a realização desse estudo, fiz visitas técnicas em instituições museológicas como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna – MAM e o Museu do Futebol Pacaembu, consideradas referências nacionais em acessibilidade, com o intuito de conhecer e apropriar-me das ações de acessibilidade, para uma possível implementação no Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo.

PMG: Que resultados esse estudo apontou?



Márcia - De acordo com o objetivo central realizou-se um diagnóstico da acessibilidade no Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, apontando possíveis estratégias para ampliar o acesso de pessoas com deficiências nessa instituição e melhor adequá-la à legislação vigente, de forma a torná-la referência em acessibilidade no Rio Grande do Sul. Conforme se observou no decorrer deste estudo, o Museu é considerado adaptado em relação à acessibilidade. A partir da análise dos documentos da instituição, verificou-se que no ano de 2002 foram realizadas adaptações no aspecto físico do edifício em que se localiza o Museu, tais como instalação de elevador, banheiro adaptado e maquete tátil do solar Lopo Gonçalves, construído entre os anos de 1845 e 1850, prédio onde se localiza o Museu Histórico de Porto Alegre. Notou-se, contudo, que no aspecto sensorial as normas de acessibilidade não são plenamente atendidas, fazendo com que 42% da instituição seja classificada como não acessível e 46% como acessível.

PMG: O que foi permitido desenvolver com base na pesquisa? 



Márcia - Esses resultados embasarão a implementação de projetos que visam atender de maneira mais completa ao público com deficiência. Isso está sendo realizado através de ações, como: a oficina “Conhecendo Porto Alegre através dos sentidos”, na qual o público com deficiência visual utiliza-se do audioguia para conhecer a exposição denominada “O Solar que virou Museu - memórias e histórias”, através da leitura dos painéis e da descrição das imagens e dos objetos históricos e arqueológicos que compõem a exposição. Além disso, o catálogo que complementa essa mostra está disponível em braille, possibilitando a autonomia do público. Também foi realizada a restauração da maquete tátil, a confecção de uma maquete da fachada do solar, destacando os detalhes do prédio e a reprodução da magnólia, árvore centenária que se localiza em frente ao Museu. Esses materiais, juntamente com alguns objetos históricos e arqueológicos, estão disponíveis ao toque. Destaco, ainda, que o Museu conta com uma equipe - direção, recepção, funcionários e estagiários -, preparada para se relacionar, conduzir e orientar esse público com deficiência dentro da instituição, mantendo assim uma postura inclusiva para desenvolver este projeto.

PMG: Que recursos acessíveis você considera importantes para que o cego ou a pessoa com deficiência visual interaja plenamente com a arte?



Márcia – Vários recursos acessíveis são importantes para que a pessoa com deficiência visual interaja com a arte. No cinema e no teatro, a audiodescrição. Em exposições destaco o audioguia, objetos ou réplicas disponíveis ao toque e maquete tátil do edifício da instituição, sendo essa a única forma de apreensão espacial que a pessoa com deficiência visual possui de um edifício. Ainda é importante a instalação de piso podotátil para facilitar a locomoção e a sinalização com etiquetas em Braille dos locais e dos objetos que compõem uma exposição. Através desses recursos, a pessoa com deficiência visual tem autonomia para acessar plenamente ambientes culturais e debater conteúdos que emergem após assistir algum espetáculo ou visitar uma mostra.

PMG: O que o Poder Público tem feito para promover acessibilidade na cultura?



Márcia – No Brasil não existem políticas públicas de acessibilidade em ambientes culturais. Esta ausência tem dificultado a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Em Porto Alegre, porém, destaco algumas atividades pontuais que foram realizadas pelo poder público no último ano. A Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal da Cultura – Coordenação da Memória Cultural, realizou a abertura da exposição "O Solar que virou Museu – memórias e histórias", com audioguia, integrando as comemorações dos 240 anos de Porto Alegre. Através do Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural de Porto Alegre (FUMPROARTE), esta secretaria vem promovendo, no ano de 2012, a acessibilidade das pessoas com deficiência visual à produção artística e cultural, financiadas com os recursos desse fundo. Destaca-se a peça “Nossa vida não vale um Chevrolet”, realizada no mês de abril, sendo esse o primeiro espetáculo de cinco projetos já selecionados com audiodescrição. Nesse mês, também ocorreu o espetáculo de dança aérea com audiodescrição.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2011, no Salão de Atos da Reitoria realizou audiodescrição de “Exotique”, do Grupo Tholl, um espetáculo de circo-teatro, grandioso, intenso e absolutamente visual, com figurinos muito elaborados, elegantes, luxuosos e constantes jogos de luz. Uma bela história, contada através de malabarismos, acrobacias, contorcionismo e equilibrismo. Os espectadores com deficiência visual chegaram meia hora antes do início do espetáculo e tiveram a oportunidade de subir no palco para conhecer o elenco. Tocaram em seus figurinos e cada um dos 17 artistas descreveu o que estava vestindo e falou um pouco sobre seu personagem.
A UFRGS, a partir de março de 2012, vem exibindo filmes com audiodescrição uma vez por mês. Trata-se do projeto de extensão com audiodescrição: “Sessões com Audiodescrição na Sala Redenção de Cinema Universitário”. Além disso, promoveu, no mês de maio, o II Seminário Nacional de Acessibilidade em Ambientes Culturais com conferências, mesas-redondas e oficinas de profissionais e pesquisadores da área de acessibilidade cultural. Destaco a oficina realizada no Museu da UFRGS com kit pedagógico acessível da exposição “Oretataipy” com esculturas de animais disponíveis ao toque e cartilhas em Braille com a descrição das esculturas e das imagens dos cartões postais, além de documentário em DVD com audiodescrição.
Também a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoveu em Porto Alegre a exposição “PARA TODOS – Movimento Político das Pessoas com Deficiência”, que se propõe a apresentar para o público a história dessa trajetória, de maneira acessível, inclusiva.