domingo, 8 de janeiro de 2012

Memória social da Guerrilha do Araguaia

Fonte da imagem: Blog Desaparecidos do Araguaia


O novo número do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas (v. 6 n. 3, set.-dez. 2011) divulga artigo sobre a memória social da Guerrilha do Araguaia, de autoria de Rodrigo Peixoto (MPEG/MCTI), membro do grupo de trabalho criado pelo Ministério da Defesa em 2009, por força de sentença da Justiça Federal, destinado a reunir informações e realizar buscas dos restos mortais dos integrantes da guerrilha. Em um texto rico em depoimentos, Peixoto chama a atenção para a crueldade e a arbitrariedade das forças repressivas; para o impacto negativo que tiveram sobre a vida dos habitantes da região, incluindo grupos indígenas; para o silêncio instituído no governo federal e nos municípios envolvidos sobre o assunto; e para a relação entre a repressão, as obras e as políticas públicas destinadas a 'ocupar' e 'desenvolver' o sul e sudeste do Pará - partes do que o autor denomina a "segunda guerra" ou a guerra que veio depois dos guerrilheiros terem sido presos e assassinados.

Quatro outros artigos compõem este número: Carlo Romani (UNIRIO) descreve as transformações urbanas e sociais perceptíveis em Clevelândia (AP), da sua fundação como colônia agrícola à instalação da colônia penal, na década de 1920, destacando o autoritarismo do Estado brasileiro na gestão da fronteira amazônica - resultado que torna tentadora a aproximação com a história mais recente, relatada acima. Marcelo Carneiro (UFMA) analisa o processo de construção da certificação florestal na Amazônia, desde o final da década de 1990, conjugando os esforços de organizações não governamentais, agentes públicos e empresas pioneiras. André Luís Roman (UNESP-Botucatu) e colaboradores registram o uso medicinal da pimenta malagueta (Capsicum frutescens L.) por uma comunidade ribeirinha do município de Santarém (PA), identificando doenças e tratamentos. Ainda no campo da etnobotânica, Ronize Santos e Márlia Coelho-Ferreira (MPEG) chamam a atenção para a produção e comercialização de artefatos fabricados com fibras da palmeira Mauritia flexuosa L. f. (miriti), em Abaetetuba (PA), comparando a importância econômica e social do material fabricado na sede municipal e na região das ilhas.

Na seção Memória, Antonio Porro (USP) e Nelson Papavero (USP) e colaboradores transcrevem, com anotações críticas, vários trechos do relato de Anselm Eckart (1721-1807) sobre a Amazônia setecentista, o primeiro abordando as notas etnográficas e os segundos, os trechos relativos à fauna, atualizando o conhecimento sobre cada espécie citada e comparando as informações zoológicas e linguísticas coligidas pelo jesuíta com outros documentos da época e com a literatura científica pertinente. Esta é a primeira publicação, no Brasil, do relato de Eckart, cuja versão completa permanece inédita e pouco conhecida dos pesquisadores.

Contatos:

Nelson Sanjad - Museu Paraense Emílio Goeldi/MCT



Texto extraído do site da ANPHU Nacional. Disponível em: http://www.anpuh.org/informativo/view?ID_INFORMATIVO=2475

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