terça-feira, 13 de novembro de 2012

Historiadores se dividem sobre lei que regula a profissão

Reprodução: Café História

De acordo com o texto, que ainda precisa ser votado na Câmara dos Deputados, apenas quem tem diploma de graduação, mestrado ou doutorado pode exercer a profissão, em atividades como o magistério, a pesquisa e a organização de documentos e informações históricas.
A maior parte dos historiadores ouvidos pela Folha classifica o projeto de corporativista. Outros, mesmo quando se declaram contrários ao "monopólio do saber", defendem a obrigatoriedade da formação ao menos para os professores de história.
"Isso é um corporativismo inadmissível. Reserva de mercado é algo absurdo. Posso listar grandes historiadores brasileiros que não são formados em história", diz o cientista político e historiador José Murilo de Carvalho, ele mesmo sem graduação na área, mas com pós-doutorado em história.
"Se for para lecionar, faz sentido, porque precisa ter formação na área", diz Carlos Guilherme Mota, professor emérito da USP, que defende a obrigatoriedade do diploma para professores do ensino fundamental e médio.
"Para dar aula em universidade eu deixaria em aberto, porque há antropólogos e sociólogos com formação histórica sólida", completa.
O autor do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), afirma que mesmo em faculdades as aulas de história devem ser ministradas por um diplomado. "Naturalmente, não vou querer que arquiteto forme médico, por exemplo. Por que ia ser diferente no caso de historiador?"
Para Paim, o projeto não impede que especialistas de outras áreas, como advogados, jornalistas e médicos, deem palestras e escrevam livros sobre história.
Uma das principais críticas é justamente a possibilidade da medida tornar a produção desse tipo de conteúdo exclusividade dos historiadores.
"Seria uma limitação à liberdade de expressão", diz Evaldo Cabral de Mello, historiador que não é formado na área, mas tem título de notório saber concedido pela USP. Para Boris Fausto, livre-docente em história do Brasil pela mesma universidade, "há especialistas em áreas técnicas, como arquivo e documentação, com maior capacidade do que o historiador para essas funções".
Fonte: Folha Online 
Extraído do Café História. Disponível em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network 

2 comentários:

  1. É uma questão delicada mesmo. Temos mesmo pessoas maravilhosas que não são formadas em História e são referência para estudantes da área, assim como brilhantes jornalistas qque não são graduados em Jornalismo.
    Mas, para ser professor de Ensino Fundamental e Médio, eu acredito que a formação em História é essencial. Eu tenho colegas que são professores de Geografia ou de História que são formados em Ciências Sociais. Alguns são ótimos, outros não. E aí, como resolver?

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  2. Elaine, eu sinceramente eu vejo que o grande problema da educação brasileira é este. Tanto o médio como fundamental acontece isso. A falta de políticas de Estado sobre a educação tem gerado ao triste cenário que o Brasil vive internamente

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