segunda-feira, 24 de março de 2014

A História do Fusca

Reprodução Enciclopédia Histórica
O Fusca foi criação de Adolf Hitler? Não exatamente..
Com sua ascensão ao poder na Alemanha, ele estava comprometido com a modernização do país e da recuperação da economia, principalmente do emprego. Durante o período que esteve preso leu sobre Henry Ford, e a ideia do "carro do povo" agradava a Hitler, que viu isto como uma forma de trabalhadores alemães viajando por todo país como a exata realização da plataforma política de seu partido. 

Ele então decidiu financiar a produção deste automóvel, que foi desenvolvido por Ferdinand Porsche, Que teve de atender algumas exigências de Hitler, como:

Reprodução Enciclopédia Histórica
-O carro deveria carregar dois adultos e três crianças (uma típica família alemã da época, e Hitler não queria separar as crianças de seus pais).
-Deveria alcançar e manter a velocidade média de 100 km/h.
-O consumo de combustível, mesmo com a exigência acima, não deveria passar de 13 km/litro (devido à pouca disponibilidade de combustível).
-O motor que executasse essas tarefas deveria ser refrigerado a ar, pois muitos alemães não possuíam garagens com aquecimento, e se possível a diesel e na dianteira.
-O carro deveria ser capaz de carregar três soldados e uma metralhadora.
-O preço deveria ser menor do que mil marcos imperiais (o preço de uma boa motocicleta na época).

Curiosidade: Dessa parceria surgiu a marca de carros Volkswagen, que se traduz por "carro do povo".

Fonte: Enciclopédia Histórica.

Linha do tempo da História da Educação no Brasil


Um vídeo mostrando a Linha do Tempo da História da Educação no Brasil

Entrevista Roger Chartier

sábado, 22 de março de 2014

Michel Foucault Por Ele Mesmo - (Michel Foucault Par Lui Même)

O Futuro do Livro por Robert Darnton



Robert Darnton, diretor da biblioteca de Harvard, fala sobre o futuro do livro num mundo que observa a massificação da internet e a popularização dos leitores eletrônicos. Autor de A questão dos livros e a frente da Digital Public Library of America, iniciativa que deve disponibilozar online e de graça 2 milhões de livros a partir de 2012, o historiador fala também do papel que as bibliotecas devem assumir num futuro próximo.

segunda-feira, 3 de março de 2014

O que é Antropologia?

 Por Rossano Carvalho Nunes

Etimologicamente, o termo Antropologia deriva da junção dos vocábulos gregos anthropos (homem) e logia (estudo/tratado), o que significa “o estudo do homem”.  A Antropologia é o estudo do homem e da humanidade em sua totalidade, abrangendo suas dimensões biológicas, sociais e culturais; incluindo sua origem, seus agrupamentos e relações sociais, comportamento, desenvolvimento social, cultural e físico, suas relações com o meio natural, variações biológicas e sua produção cultural. Ou seja, a antropologia procura estudar a humanidade em todos os seus aspectos.

Desde o momento em que o ser humano começou a desenvolver cultura ele passou a ser um ser essencialmente biológico e cultural, o que para a antropologia é essencial para compreender a humanidade. É impossível compreender o homem de uma maneira totalizante sem ter essa premissa em mente. Conforme os antropólogos Hoebel e Frost (2005, p.78) “desde o tempo das origens primitivas da cultura, todo desenvolvimento humano foi biológico e cultural. Nenhuma tentativa de estudar a humanidade pode ignorar este fato”. O biólogo evolutivo e geneticista russo Theodosius Dobzhansky (1963, p. 1) concorda quando afirma que a evolução humana somente pode ser compreendida quando entendida como uma interação entre os desenvolvimentos culturais e biológicos.

No mundo científico existem muitas outras áreas que possuem como objeto de estudo o homem. Temos a medicina que concentra-se na fisiologia humana sob uma abordagem de mantê-la saudável; a geografia humana estuda a ocupação geográfica-política dos homens; a sociologia que estuda seus agrupamentos sociais; a história estuda o desenvolvimento do homem no tempo; a economia estuda a administração, manutenção e distribuição de bens; entre tantas outras. Mas se é assim, o que caracteriza a antropologia em distinção de outras disciplinas que estudam o homem? Simples, é justamente seu vasto campo de estudo: a antropologia procura compreender o homem não somente em uma determinada especialidade, mas como um todo, de maneira unificada. Como já foi dito anteriormente, a antropologia procura compreender o homem, e todas as suas manifestações, em todas as suas dimensões.
François Lapantine (2007, p. 16) define o enfoque da antropologia como o estudo do homem por inteiro, “em todas as sociedades, sob todas as latitudes em todos os seus estados e em todas as épocas”.
A antropologia parte do pressuposto que o estudo de nenhuma destas especialidades isolada pode nos ser útil para compreender o homem de maneira totalizante. Estudar somente a fisiologia humana (como na medicina) não nos fornece elementos necessários para compreender, por exemplo, a grande diversidade de crenças religiosas que os grupos humanos desenvolveram no decorrer de sua tentativa de compreender o mundo que os cercava. Ao mesmo tempo, procurar compreender a humanidade, sem um estudo aprofundado de todas as suas partes é impossível.
É necessário ter um conhecimento totalizante e dinâmico de tudo o que envolve o homem e a humanidade. A respeito desse pressuposto antropológico, os Antropólogos Hoebel e Frost comentam:

Uma proposição fundamental da Antropologia é que nenhuma parte pode ser entendida plenamente, o mesmo com exatidão, se separa do todo. E, de modo inverso, o todo não pode ser percebido com exatidão sem o conhecimento profundo e especializado da partes. Para compreender qualquer aspecto do comportamento sexual humano, por exemplo, deve examiná-lo em termos de genética, fisiologia, características climáticas, sistema de valores e estruturas técnicas, econômicas, de parentesco, religiosas e políticas de cada sociedade humana. A Antropologia toca em virtualmente todos os campos possíveis do conhecimento, aproveita-se deles e neles se inspira. As habilidades do antropólogo devem ser altamente diversificadas, mas a unidade da disciplina é mantida pela concentração no caráter global do homem e da cultura.

Como pode ser facilmente percebido, o campo de estudo da antropologia é muito vasto. Fixando seu objetivo como o estudo da humanidade e do homem como um todo, em suas dimensões biológicas e culturais, a antropologia esbarra no problema de que sua proposta é muito ampla para ser realizada por um único profissional, nenhum antropólogo consegue dominar, sozinho, todos os campos abrangidos pela disciplina.  

A princípio, a antropologia dividiu-se em duas principais áreas de estudo: a biológica e a cultural, partindo como pressuposto as duas dimensões básicas do ser humano. Sendo assim temos como os principais sub-campos da antropologia a Antropologia Biológica e a Antropologia Cultural. Devido a razões práticas, posteriormente mais duas áreas ganharam destaque o suficiente para ganhar espaço como sub-campos propriamente ditos: a Arqueologia e a Antropologia Lingüística. E ainda ultimamente, temos a Antropologia Aplicada.


ANTROPOLOGIA BIOLÓGICA

Procura compreender o homem como ser biológico, estudando principalmente sua origem, evolução, variações e constituição física. Procura desenvolver um conhecimento antropológico com ênfase nas características físico-biológicas das populações humanas, tanto antigas como modernas, levando em conta também a interação entre biologia e cultura, ou seja, o ser humano como um organismo biológico dotado de capacidade simbólica num contexto sócio-cultural.
 Possui como sub-campos: Paleoantropologia (estudo dos hominídeos antigos, com base em seus fósseis e artefatos), Antropologia forense (a aplicação da antropologia biológica no âmbito legal), Osteologia (estudo dos ossos), Antropologia Nutricional (com base da nutrição humana), Primatologia (estudo dos primatas), Genética das populações humanas, Variação biológica humana, Paleopatologia (patologia dos antigos hominídeos), Bioarqueologia.
  

ANTROPOLOGIA SÓCIO-CULTURAL

A antropologia sócio-cultural estuda as adaptações sócio-culturais dos grupos humanos, tanto contemporâneos quanto extintos, aos diversos estímulos que encontraram no decorrer de sua história. Em outras palavras, a antropologia cultural estuda a diversidade cultural humana, sejam elas contemporâneas ou extintas, procurando compreender o homem enquanto ser cultural e social. O foco está no estudo principalmente de sua produção cultural, agrupamentos e relações sociais, comportamento e desenvolvimento social. Sua ênfase está no estudo antropológico tendo por base os sistemas simbólicos desenvolvidos pelos agrupamentos humanos em suas dinâmicas interações.

Possui como sub-campos: Antropologia da Música e Etnomusicologia, Antropologia das Religiões, Mitologia, Antropologia histórica, Antropologia Lingüística, Etnografia e Etnologia (estudos étnico-culturais), Folclorologia (estudos folclóricos), entre outros estudos do âmbito cultural.

 De todos os sub-campos da antropologia biológica e sócio-cultural, dois se destacaram a ponto de atualmente serem considerados por muitos profissionais como campos propriamente ditos da antropologia: a arqueologia e a lingüística ou antropologia lingüística.



ARQUEOLOGIA

A arqueologia é a investigação das sociedades humanas através do estudo de vestígios materiais por elas deixados (artefatos). Embora a imagem do profissional em arqueologia mais difundida seja a de seu trabalho nas escavações, seu trabalho é muito mais complexo e extenso. Ele necessita interpretar os vestígios materiais que encontrou, contextualizá-los e cruzar informações com uma grande variedade de áreas, utilizando uma abordagem interdisciplinar, de modo que encontre respostas que possa construir  conhecimento a respeito das sociedades que estuda.

Sendo que a arqueologia é imprescindível para investigar os agrupamentos humanos ágrafos (sem escrita), ou qualquer outra sociedade extinta, sua importância para a antropologia é imensa. Através do estudo arqueológico a antropologia pode conseguir informações acerca dessas sociedades, das quais a maioria não podem ser observadas e estudadas através de técnicas etnográficas normais, pelo fato das mesmas não existirem mais, nem deixaram vestígios escritos. Sendo que mesmo muitos vestígios escritos de sociedades extintas que temos hoje para estudo foram descobertos através de escavações arqueológicas, como tábuas de argila com escrita cuneiforme da Mesopotâmia.

Arqueologia pré-histórica: estuda grupos humanos que não possuíam escrita. Estas sociedades são chamadas de ágrafas.

Arqueologia histórica: estuda grupos humanos que possuíam escrita


LINGUÍSTICA

O estudo da Antropologia lingüística tem seu ponto fundamental na busca da compreensão das particularidades da comunicação humana e no estudo das relações de linguagem em suas estruturas, origens e variações/diversidades.
 Além de um aprofundado estudo da linguagem em si, a antropologia lingüística utiliza-se do estudo da mesma como importante ferramenta de análise sócio-cultural de um grupo ou conjunto de grupos humanos e suas interações. Isso porque a linguagem é o elemento de base na transmissão e interação cultural entre os indivíduos, ou seja, é através da linguagem que os indivíduos, ou grupos de indivíduos, conseguem interagir dinamicamente suas experiências, organizá-las e transmiti-las em forma de cultura. Seja através da linguagem oral, escrita ou simbólica.

Ao mesmo tempo em que a antropologia necessitou especializar-se em campos distintos, seu objeto de estudo, o homem e a humanidade, é complexo e impossível de se compreender de uma maneira fragmentada. Como vimos, o homem é um ser biológico e cultural por natureza, portanto é necessário que os campos da antropologia, sejam eles, biológicos, sócio-culturais, arqueológicos ou lingüísticos, articulem entre si como uma disciplina única: a antropologia.

Temos então na investigação antropológica pela busca da compreensão do homem, da humanidade e de suas produções, uma necessidade de movimentação contínua de especialização, reintegração recíproca e interdisciplinaridade entre os campos de estudo antropológicos e suas ciências afins. Especialização enquanto necessidade da ciência antropologia em especializar seus campos de estudo a nível de obter um conhecimento mais profundo nas dimensões culturais e biológicas do homem, reintegração recíproca pela necessidade de unir os conhecimentos desses campos com o objetivo de obter um conhecimento mais completo e totalizante, e interdisciplinaridade quando na constante necessidade de compartilhar conhecimento com ciências afins como história, geografia humana, genética, sociologia geologia, primatologia..

Todo esse movimento faz da antropologia uma ciência dinâmica, que atua nos mais diversos níveis humanos e acadêmicos, transitando nas ciências humanas, sociais, e naturais, mesmo apesar de sua identidade dominante entre as ciências sociais, em que ocupa uma posição central.

É a ciência que mais expressa a busca humana por compreender as eternas questões que permeiam nosso intelecto desde tempos imemoriais sob um ponto de vista totalizante: Quem somos? De onde viemos? Porque somos o que somos? O que há de comum e de distinto entre nós? É a busca humana por responder as questões sobre sua origem e natureza. Através dos estudos antropológicos conhecemos melhor a nós mesmos e aos outros. Estamos em busca da compreensão dos elementos que compõe a própria natureza humana.


Fonte: Site IGPV - Instituto Grupo Veritas de Pesquisa em História e Antropologia. Disponível em: http://www.gpveritas.org/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=54&Itemid=63