terça-feira, 31 de outubro de 2017

Saber histórico e a literatura, uma possibilidade?

Quais   as  possibilidades de  junção  entre  o  saber  histórico  e  a  literatura?
Em  tempos  que  filmes  brasileiros  presencialmente  de  humor  exibem  cenas  de  desrespeito  ao  "Guarani"  de  Machado  de  Assis,  em  que  lê-se  tão  pouco,  no  meu  ponto  de  vista  há  uma  possibilidade  de  ação  multidisciplinar.  Porque  não  aliar  o  contexto  histórico  de  nossa  literatura?  Recomendo  a  obra   "Entre a literatura e a história"  de  Alfredo Bosi. 

Capa  da  obra Entre a literatura e a história de  Alfredo Bosi(Reprodução: Livraria  Cultura)


Segue  abaixo  artigos  sobre  esta  temática: 

Entrelaçando  História e Literatura: uma análise da repressão ao candomblé através da obra Jubiabá de Jorge Amado na década de 1930  Disponível em: http://www.historia.uff.br/cantareira/v3/wp-content/uploads/2013/05/e17a4.pdf

Realidade versus ficção: a literatura como fonte para a escrita da história. Por: Gilberto Ferreira Sena Junior. Disponível  em: http://www.historia.uff.br/estadoepoder/6snepc/GT13/GT13-GILBERTO.pdf

História e literatura: proximidades na fronteira. Por: André Mendes Capraro. Disponível  em: http://www.pgedf.ufpr.br/downloads/Artigos%20PS%20Mest%202014/Andre%20Capraro/Historia_e_Literatura_-_Andre_Capraro.pdf

O uso de literatura como fonte histórica e a relação entre literatura e história. Por: Giovana Maria Carvalho Martins. Disponível  em:http://www.cih.uem.br/anais/2015/trabalhos/1318.pdf 

#Fatos Históricos - Edição 5


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Depressão, a doença do
 século XXI


A psicanalista Teresa Pinheiro fala sobre a depressão 
e sua relação com a sociedade imediatista de consumo.

Se, durante o século XIX e começo do XX, a histeria era a forma mais evidente de sofrimento, no século XXI esse espaço foi tomado pela depressão.

Expressa na ausência de vontade e de projetos futuros, não é exagero chamá-la de epidemia. Em 2000, um relatório da Organização Mundial da Saúde já previa que 15% da força de trabalho mundial abandonaria seus postos por motivos relacionados à doença.

No Brasil, o número de quadros depressivos cresceu impressionantes 705% em 16 anos. O problema atinge principalmente a juventude.

Já em meados dos anos 80, a psicanalista e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade da UFRJ Teresa Pinheiro, 61 anos, viu o seu consultório ficar repleto de jovens deprimidos. Por telefone, a carioca conversou com Carta Educação sobre as raízes do problema na sociedade de consumo, na mudança da relação da sociedade com o tempo e sobre a importância de retomar o sentido do papel social como forma de combatê-la.
Carta Educação: Como podemos definir a depressão? Qual é a diferença, o limite, entre tristeza e depressão?
Teresa Pinheiro: Comparar com a tristeza facilita. A tristeza é um sentimento que você tem em razão de uma coisa muito objetiva: perder alguém, não poder realizar algum projeto que gostaria muito, se decepcionar com algo etc. A tristeza é uma coisa localizável, há um objeto que gera esse sentimento de tristeza. O que chamamos de depressão é algo mais ligado ao não desejo, não a um fato objetivo, mas a alguma coisa de um sentimento de não vontade, se a gente puder dizer assim. Não tenho vontade de nada, a vida parece não ter mais nenhum colorido, não há nada que atraia. São as depressões mais graves. As depressões não precisam ser tão graves, mas podem simplesmente estar expressas nessa ausência de projetos futuros e na ausência de vontade.
CE: A senhora escreveu no artigo “Depressão na contemporaneidade” que, se a histeria foi o modo de sofrimento mais evidente no fim do século XIX e início do XX, a depressão é, sem dúvida, a marca mais pregnante do fim do século XX e do nascimento do século XXI. A frase conversa com dados do Datasus, que revelam que o número de mortes relacionadas com a depressão aumentou 705% em 16 anos. Por que a depressão tornou-se o modo de sofrimento mais evidente no século XXI?
TP:  Acho que cada época, cada cultura, produz os seus sintomas. Quando a sexualidade era muito cheia de tabus e proibições, evidentemente que a histeria virou uma coisa prevalente, porque era o sintoma que de alguma maneira ia contra isso e apontava para a sexualidade. Tenho impressão que a depressão não é diferente. Ela é uma expressão de resistência a uma sociedade de consumo, a uma sociedade voltada para as performances: o homem de sucesso, o homem que é capaz de brilhar na sua carreira, quando tudo vira um grande acontecimento. E, por outro lado, o mundo dava referências muito estáveis para as pessoas. Você até poderia ir contra essas referências, mas existiam normas do que eram um bom pai, um bom filho, um bom trabalhador, o que era uma pessoa de bem, que hoje não se usa mais. Existiam referenciais morais, e da instituição familiar, sem dúvida, que pareciam muito estáveis e eram dados de fora para dentro. Isso é o que me interessa. O mundo hoje foi demolindo essas categorias e as referências passaram a ser internas: cada um decide o que é bom e o que é mau. Isso não está mais fora do sujeito, está dentro dele. E há uma dimensão de solidão, no mundo atual, em razão disso, e a ausência da ideia de bem comum, e, além disso, para quem está trabalhando com o adolescente, há uma ideia fundamental no mundo de hoje que é a ideia de utilidade.
CEComo assim?
TP: Com a ausência do bem comum, perdeu-se a noção de que você pode ser útil para alguma coisa. Você vive só para si, não tem um papel na sociedade. Você não é útil para o outro e não tem um papel social. Essa falta de noção de utilidade deprime muito. Tanto faz se você existir ou não, tanto faz tudo. Na hora que se lançam ideias comunitárias ou de bem comum, ou que se voltam a lançar ideias de que você pode ser útil para alguma coisa ou alguém, esses quadros depressivos, não todos, mas sobretudo na adolescência, melhoram muito. Acho que as manifestações de junho de 2013, com todos os problemas e críticas, deram ao jovem uma sensação de que ele pode ser útil e lutar por algo, ele pode ter um papel na sociedade. Acho que isso tinha sido banido completamente.
CE: Como podemos relacionar a questão desse narcisismo, da rede social, a senhora acha que contribuiu para as pessoas se sentirem mais isoladas ou tristes? 
TP: Eu não gosto dessa leitura. Acho muito preconceituosa com o instrumento. Esta é a nova forma de comunicação do mundo. Se a gente disser que ela é ruim, fica parecendo que existia uma boa antes. Não é verdade. Ela tem prós e contras. O jovem não tem de estar feliz só na rede social, ele tem de parecer feliz no colégio, nas festas etc. Não é só a rede social que produz, isso é um colorido da cultura. E acho que a internet deu ao jovem uma sensação de que ele pode atravessar fronteiras e isso dá mesmo a sensação de mais companhia, ainda que isso seja frágil ou falso. Ele faz uma rede de conhecidos que vai trazer um colorido multicultural. Acho muito interessante e acho que é diferente. A grande mudança que ninguém estava preparando nesses procedimentos tecnológicos é a relação com o tempo. A relação com o tempo mudou, mudou a forma de estar no mundo. E nessa forma de estar no mundo, que virou muito imediatista, a dificuldade de construir projetos futuros para a garotada ficou muito grande. Já era difícil, quando a gente era garoto, ter projetos de futuro. Um menino de 18 anos não consegue se imaginar com 80. Com essa mudança completa na relação com o tempo, fica anda mais difícil, pois tudo é muito imediato. A dificuldade de se costurar um projeto futuro implica nas características narcísicas de uma depressão. Isso a escola tenta suprir de alguma forma: ensinar o garoto a ter um projeto, a fazer uma pesquisa que começa em março e termina em dezembro, isso vai dando uma costura no tempo que dá a possibilidade de ele se projetar no futuro.
CE: A depressão tem crescido entre os jovens brasileiros? Por quê?
TP: É um fenômeno no mundo inteiro, não só no Brasil. É importante buscar respostas para isso. Implicar a juventude nas relações sociais daria a ela uma nova maneira de estar no mundo e, sem dúvida, haveria uma melhora grande na questão da depressão. A outra coisa é a valorização extrema que se fez da aquisição de objetos.
O mundo do consumo incutiu a ideia de que você é aquilo que você tem. E isso é muito ruim. Porque, se você não tem, você não é nada.
Temos problemas de uma sociedade de consumo que quer vender e vai imprimir esse tipo de pensamento. Acho que, sobretudo, implicar o jovem como um fator fundamental na sociedade, na escola, no bairro, na rua, dar-lhe a ideia de que ele pode fazer a diferença seria fundamental. Agora, isso é difícil. O mundo não caminha para isso, mas, sim, caminha para cada vez mais fazer o jovem desacreditar em tudo. Uma das coisas mais graves que se faz, no Brasil muito especificamente, essa desqualificação do político, de que a política é uma coisa suja, desacreditada, dá a sensação ao jovem de que tanto faz, não há nada a fazer. Nada fará a diferença. Então nada mudará. Isso é um discurso muito depressivo. A sociedade está produzindo um texto de descrença, de que não há nada a ser feito, tudo é uma porcaria. Isso é terrível. O que mudaria isso é se a gente apostar que as pessoas podem fazer a diferença e o jovem, sobretudo por ser jovem, por ter gás e ter a capacidade de se apaixonar por ideias, pode fazer a diferença.
CE: O tema da depressão chamou muita atenção recentemente, até pela morte do ator Robin Willians, que era comediante e se suicidou. A depressão é levada a sério ou é minimizada pela sociedade? 
TP: A depressão, dentro da área da saúde, vem sendo levada a sério já há algum tempo. O relatório da OMS de 2000 já previa uma epidemia, em 2020, de que 15% da população deixaria de trabalhar por conta da depressão. É altíssimo. Há um alerta no mundo de que a depressão está ganhando um tamanho muito grande. Ela pode estar, muitas vezes, vinculada ao uso de drogas entorpecentes. A questão da dependência química é muito difícil, as clínicas têm um índice de sucesso baixíssimo. Não se fala nisso justamente para não desanimar ninguém, mas o índice é baixo. Mas o grosso não necessariamente está vinculado ao álcool ou a entorpecentes, mas sim a uma enorme falta de sentido para a própria vida. Acho que tem a ver com você se sentir também uma coisa descartável. Existe algo terrível na sociedade de consumo: se você é aquilo que tem, o que você pensa, o que você acredita, é reduzido a nada. É uma coisa muito pesada. Acho até que a garotada está querendo dar as costas a isso. Acho que já estamos vendo uma queda dessa curva. Tomara, porque esse não pode ser o viés, entendeu? Você ser alguma coisa e não valer nada em comparação com o que você tem.
CE: A prescrição de medicamentos para o tratamento da depressão ainda é controversa, na área da saúde, entre psicólogos e psiquiatras?
TP: É bastante controversa. Primeiro, porque se medica exageradamente, sobretudo jovens e crianças estão sendo medicados para tudo de uma maneira absurda.
Outra coisa é que os antidepressivos fizeram muito sucesso no começo porque têm algum efeito no primeiro momento. Mas depois o efeito acaba.
Eu não tenho nada contra a medicação, acho que, em determinado momento, é necessário tirar o sujeito daquele estado em que ele está. É um nível de sofrimento enorme quando a depressão é grave. Mas o antidepressivo não fará efeito sozinho. Eu não acredito nisso. Tratar da depressão é difícil, mas lançar mão só do medicamento é inócuo. Acho que isso faz parte do imediatismo, da relação com o tempo e da sociedade do consumo. Se tomar um remédio me fizer sentir melhor amanhã, eu prefiro isso do que qualquer outra coisa. Só que acaba não dando certo. É muito complicado.
CEA senhora acha que, hoje, existe um certo medo do sofrimento? 
TP: Acho que sim. Mas não tenho dúvidas de que ninguém gosta de sofrer. Ninguém suporta a tristeza, por exemplo. Existe uma coisa de baixa tolerância à tristeza, de uma cultura de que a pior coisa do mundo é ficar ou ser triste. Porque a gente vem de uma cultura anterior em que o bonito era ser triste: as heroínas da ficção do início do século XX sofriam loucamente por amor. Isso a garotada não quer mais e eu acho que eles têm razão. Os jovens de hoje não têm nenhum apreço à ideia do sofrimento. Mas isso não pode se tornar uma baixa tolerância ao sofrimento, porque a gente vai sofrer. Não tem como passar pela vida sem sofrer.
CE: Esse jovem de classe média, que é mais protegido pela família ou pela escola, a senhora acha que tal comportamento contribui para essa baixa tolerância? 
TP: Sem dúvida, é uma coisa terrível. O medo que os pais têm da possibilidade de que seus filhos possam sofrer é uma coisa que dá a sensação à criança ou ao adolescente de que ele não suportará sofrer. É uma coisa tão ruim e os pais poupam os filhos de tal ordem, que, se eles tiverem de passar por isso, não vão aguentar. Quando você aceita que seu filho sofra, você dá a ele a credibilidade de que pode passar por aquilo, de que é possível suportar, ele não é feito de açúcar e não vai desmanchar. Ele vai sofrer, mas vai superar, aprender com aquilo e sair dessa situação melhor, sofrer faz parte da vida.

CEComo trabalhar o tema da depressão na escola?
TP: Acho que a escola tem de fazer mais coisas em grupo com seus alunos, que se mobilizem turmas inteiras e não apenas três ou quatro que tenham mais gás. Somos seres de sociedade e o terrível é que a sociedade de consumo, do sucesso, que exclui o perdedor, é uma sociedade em que não existem grupos. Mas isso faz parte da necessidade afetiva. A escola tem um papel fundamental e pode fazer isso de uma maneira incrível: implicar os alunos em coisas para eles mesmos.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A Revolução Francesa


Por Camila Bairros*

1. Uma sociedade estratificada

Imagem:  divulgação  site  História  do  Mundo
No final do século XVIII, a França contava com 25 milhões de habitantes. Cerca de oitenta por cento da população vivia no campo. A sociedade encontrava-se em três estamentos, conhecidos como estados ou ordens. O topo da pirâmide social era ocupado pelos integrantes do primeiro estado, constituído por 120 mil membros da igreja.
Mais de dez por cento das terras pertenciam à igreja, cujo clero detinha inúmeros privilégios, como a isenção de impostos, a dispensa do serviço militar e o direito de julgamento em tribunais próprios. Ele dividia-se em alto clero - religiosos de ordem nobre – e baixo clero, composto por padres e cônegos pobres.
Com status superior ao da maioria do clero, o segundo estado era formado pela nobreza, composta por cerca de 400 mil pessoas. Faziam parte dela: a família real; os cortesãos – aristocratas que viviam na Corte; os nobres de toga, ou seja, burgueses que haviam comprado títulos de nobreza (cabe lembrar que, segundo hobsbawn os burgueses de toga tinham instrução para exercer cargos públicos no Estado francês)1; e os descendentes das antigas famílias feudais (nobres de sangue), muitos dos quais viviam ainda em seus castelos. Os nobres também não precisavam pagar impostos e viviam à custa, principalmente, de exploração do trabalho dos camponeses que lavraram suas terras.
No terceiro estado encontrava-se o restante da população, ou seja, quase 98 por cento de todos os franceses. Esse grupo era o único que recolhia impostos, tanto para o Estado como para a nobreza e o clero. Algumas dessas taxas eram remanescentes do feudalismo, como a corvéia, a banalidade e o dízimo.
O terceiro estado era composto por diversos setores da sociedade, entre os quais a burguesia, formada por banqueiros, armadores e empresários; a média burguesia, constituída por profissionais liberais e médios empresários e comerciantes; a pequena burguesia, composta por artesãos e pequenos comerciantes; os trabalhadores urbanos e os camponeses.

Caos e revolta

Nas últimas décadas do século XVIII, cerca de oitenta por cento da renda dos camponeses era destinada ao pagamento de impostos. Para piorar o governo da França viveu nesse período uma profunda crise econômica ocasionada principalmente pelos constantes gastos com conflitos externos (neste aspecto, hobsbawn comenta o envolvimento da França na guerra de independência dos Estados Unidos)*.

Em 1785 uma forte seca quase acabou com o rebanho bovino do país. Três anos depois, os péssimos resultados da safra agrícola elevaram brutalmente os preços dos alimentos. A fome se alastrou, provocando morte e desolação. Milhares de pessoas começaram a vagar pelos campos em busca de alimento. Muitas transformaram-se em pedintes, outras passaram a roubar, e algumas decidiram destruir castelos e assassinar seus proprietários, alegando serem eles os responsáveis pela miséria em que vivia a população.

Em Paris e outras cidades artesãos e operários começaram a fazer greves. Algumas vezes, os grevistas juntavam-se a desempregados famintos para saquear lojas e participar de manifestações contra a política econômica do governo.

Os Estados gerais

Tentando solucionar o déficit das contas públicas em 1789 o ministro das finanças propôs que o primeiro e o segundo estados começassem a pagar impostos, mas a proposta foi rejeitada pelo clero e pela nobreza. Para discutir a questão, o rei Luís XVI convocou os Estados gerais, órgão consultivo formado por representantes dos três estados e que não se reunia desde 1614. Ali, nobreza e clero eram maioria, pois cada ordem tinha direito a um voto.

Em 5 de maio de 1789, dia da abertura dos trabalhos dos Estados gerais no Palácio de Versalhes, o terceiro estado, que representava a maioria da população, pediu que a contagem de votos passasse a ser feita por cabeça, e não por estamento.

Seguiu-se um mês de discussões sem resultados concretos. Diante do impasse, o terceiro estado reuniu-se em uma sala separada e se autoproclamou Assembléia Nacional destinada a elaborar uma 
Constituição. Incapaz de dissolver a reunião do terceiro estado, no final de junho o rei ordenou que os representantes da nobreza e do clero se juntassem a ela. Com isso, no dia 9 de julho de 1789, os Estados gerais proclamaram a formação da Assembléia Nacional Constituinte.

2. A queda da Bastilha

Imagem:  Queda  da  Bastilha  site  Wikipédia
Publicamente, Luís XVI afirmava apoiar a Assembléia. Nos bastidores, porém, convocou o exército para dissolve-la. Quando a notícia da traição do rei circulou por Paris, grande parte da população se revoltou. Na madrugada de 14 de julho, uma multidão, formada principalmente por artesãos, operários e pequenos lojistas – conhecidos como sans-culottes por utilizarem calças compridas em vez dos culotes presos no joelho que os nobres usavam – invadiu os arsenais do governo e se apoderou de 30 mil mosquetes. Em seguida, partiu em direção à Bastilha, fortaleza na qual o governo encarcerava e torturava os seus opositores.

Embora estivesse praticamente desativada – abrigava apenas sete detentos na ocasião -, a Bastilha constituía um dos maiores símbolos do absolutismo. Tomada pela multidão após horas de combate, sua queda transformou-se em um marco, e até hoje o 14 de julho é comemorado como data nacional na França.

O fim do Antigo Regime

À medida que a notícia da queda da Bastilha se espalhava, levantes e revoltas de camponeses e trabalhadores urbanos alastravam-se pelo país. A sublevação levou a Assembléia Constituinte a abolir as leis feudais que ainda vigoravam e a suprimir privilégios da nobreza e do clero. Além disso, os grupos populares armados foram transformados em guarda Nacional, cuja missão era proteger a Assembléia.

No dia 26 de agosto a Assembléia proclamou a Declaração dos Direitos do homem e do Cidadão. Composto inicialmente por 17 artigos, o documento estabelece a liberdade2 e a igualdade de todos perante a lei, um dos mais caros princípios dos filósofos iluministas.

No dizer do historiador francês georges Lefebvre, a Declaração é o “atestado de óbito do Antigo Regime”, nome pelo qual passou a ser chamado o Estado absolutista que vigorava no país antes da Revolução. Por romper definitivamente com os princípios feudais, esse documento é considerado um dos fundamentos do Estado contemporâneo.

3. O período da monarquia constitucional

Nos dois anos que seguiram à Queda da Bastilha, Luís XVI e sua família permaneceram confinados no palácio das Tulherias, em Paris. Nesse período, os constituintes elaboraram a primeira Constituição da França (1791).

Seguindo os princípios iluministas e o exemplo norte-americano, a Carta francesa estabelecia a divisão entre três poderes do Estado e definia a monarquia constitucional como forma de governo. O rei seria o chefe do Executivo, mas seu poder não poderia se sobrepor às normas constitucionais. Suas ações seriam reguladas pelo Legislativo, composto de 745 deputados eleitos pelos cidadãos que dispunham de algum patrimônio (voto censitário).

4. A Convenção e o fim da monarquia

Em junho de 1791 Luís XVI tentou fugir com sua família para a Áustria, mas foi reconhecido na fronteira e forçado a voltar para Paris. Revoltados, os sans-culottes invadiram o palácio das Tulherias em 10 de agosto de 1792 e prenderam o rei e a rainha Maria Antonieta sob a acusação de conspirarem contra o Estado.

Com a prisão do rei, o governo passou para as mãos de um Conselho Executivo Provisório, liderado pelo advogado George-Jaques Danton. A Assembléia Nacional Constituinte foi dissolvida e em seu lugar foi eleita a Convenção Nacional. Nesse momento, diversas facções políticas disputavam o poder. Entre elas, destacavam-se os jacobinos e os girondinos. Nas eleições para a Convenção, os jacobinos obtiveram a maioria dos votos.

É muito comum em política, associarmos os termos esquerda, centro e direita a partidos políticos ou a pessoas que defendem ou combatem idéias reformistas, ou que adotam posições radicais ou moderadas diante de certas questões.

A Convenção Nacional dividia-se em grupos que representavam diferentes camadas da sociedade: os nobres, o clero, a alta burguesia, os trabalhadores, etc. Essas facções reuniam-se em três grandes blocos, cada qual ocupando lugar específico na Convenção:

- girondinos: Bloco formado por políticos moderados, tinham como núcleo original deputados da província de gironda. Representantes da grande burguesia mercantil, procuravam conter a radicalização, negociando com o rei. Ocupavam uma parte baixa da sala de reuniões, à direita da mesa da Presidência, sendo por isso conhecidos como planície.

- Jacobinos: Representavam principalmente a pequena e média burguesia. Defendiam a República e o sufrágio universal. Deviam esse nome ao fato de se reunirem no mosteiro de São Jacques, em Paris. Liderados pelos advogados Maximillien-Marie Robespierre e Louis Antoine de Saint-Just, os jacobinos sentavam-se na parte mais alta da assembléia, no lado esquerdo do salão. Eram chamados de montanheses e constituíam um dos grupos mais radicais da Convenção . A seu lado atuava outra corrente radical, a dos cordeliers (cordeleiros), liderada por George-Jacques Danton e Jean-Paul Marat.

Em 22 de setembro de 1792 a Convenção proclamou a República. Acusado de traição, Luís XVI foi levado a julgamento e executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793. Uma Constituição republicana foi elaborada, concedendo o sufrágio universal masculino (isto é, direito de voto só para os homens). Até mesmo um novo calendário foi criado. Os meses ganharam novos nomes e o dia 22 de setembro ficou sendo o primeiro dia do ano I da República.

Um regime chamado Terror

Jean Paul Marat, Danton  e Robespierre.
Divulgação  do  Blog World History Scotlandville Magnet High School.
Disponível em: https://worldhistoryleverett.wordpress.com/tag/french-revolution/
Embora a esquerda se visse animada com a República, o fato é que a França atravessava uma de suas mais graves crises: tropas da Inglaterra, da Áustria, da Prússia, da Holanda, da Espanha, da Rússia e da Sardenha passaram a atacá-la por todos os lados, tentando impedir a consolidação da República e a disseminação dos ideais revolucionários. Em diversos pontos do país, nobres inconformados com a perda dos antigos privilégios organizavam movimentos contra-revolucionários .

Para enfrentar essas dificuldades, em abril de 1793 a Convenção criou o comitê de Salvação Pública, cujo comando foi entregue a Danton e, logo depois a Robespierre. O novo órgão convocou 300 mil homens para lutar contra os estrangeiros – o que provocou violenta reação em algumas províncias, ainda fiéis à monarquia – e criou o Tribunal Revolucionários para julgar os suspeitos de atitudes contra-revolucionárias. Era o início do período conhecido como Terror.

Em1793 e 1794 cerca de 300 mil pessoas foram presas, das quais 35 mil foram condenadas à morte na guilhotina. Os jacobinos executavam qualquer suspeito de “traição à Revolução”. A rainha Maria Antonieta foi guilhotinada em outubro de 1793. Muitos outros nobres também foram executados.

O governo jacobino contou inicialmente com grande apoio popular, pois criou impostos sobre ricos, aprovou lei fixando um teto para os preços dos produtos, regulamentou os salários, abriu escolas públicas, repartiu bens dos nobres que haviam se exilado e promoveu uma reforma agrária que beneficiou cerca de 3 milhões de pessoas. Também instituiu o divórcio, decretou a liberdade religiosa e aboliu a escravidão nas colônias francesas. Em junho de 1794, tropas francesas obtiveram uma vitória decisiva sobre os exércitos invasores.

Entretanto, ao mesmo tempo que reprimia a “direita”, isto é, os girondinos e a nobreza, Robespierre e o Comitê de Salvação Pública se voltaram também contra os grupos situados à “esquerda” dos jacobinos, enviando para a guilhotina os militantes radicais. Um desses condenados à morte foi o líder dos cordeleiros George-Jacques Danton.

[...]

A repressão contra os setores mais radiciais, apoiados pelos sans-culottes, levou os jacobinos a perder apoio junto à população. Isolados do povo, Robespierre e seus companheiros do Comitê foram facilmente derrubados pelos girondinos no dia 27 de julho de 1794. Como o golpe ocorreu em 9 Termidor do calendário republicano, os representantes desse grupo, defensor dos interesses da média e da alta burguesia, ficaram conhecidos como termidorianos.

6. O Diretório

Em 1795 foi aprovada uma nova Constituição – a terceira desde 1791. De caráter liberal, ela acabou com o voto universal masculino estabelecido pela Constituição anterior, de 1793, e reintroduziu o voto censitário (apenas os proprietários podiam votar). O poder Executivo ficou nas mãos do Diretório, órgão composto por cinco pessoas eleitas entre os deputados.

Durante o período do Diretório, a França enfrentou graves dificuldades financeiras. Além disso, tanto os jacobinos como os defensores da monarquia tentaram por diversas vezes derrubar o governo. Para conter essas manifestações, o Diretório pediu a ajuda do exército. Em 1795 o jovem general Napoleão Bonaparte foi escolhido para organizar a defesa interna do país.

Graças ao sucesso com que reprimiu as revoltas e seu êxito em campanhas no exterior, Napoleão Bonaparte acabou se tornando o mais importante general da França. Seu prestígio cresceu tanto que, em 1799, ele foi convidado a fazer parte do Diretório.

Em 9 de novembro de 1799 – ou 18 Brumário, de acordo com o novo calendário -, Napoleão Bonaparte dissolveu o Parlamento e substituiu o Diretório por três cônsules provisórios – entre os quais ele era o mais influente.

O impacto da Revolução Francesa
A Revolução Francesa foi, de fato, um conjunto de acontecimentos suficientemente poderoso e universal em seu impacto para ter transformado o mundo permanentemente [...]. Metade dos sistemas legais está baseada na codificação legal que a Revolução implantou. [...]
Países tão afastados de 1789, como o Irã islâmico e fundamentalista, são Estados nacionais territoriais estruturados no modelo trazido o mundo pela Revolução Francesa, junto com muito do nosso vocabulário político. [...]
A Revolução francesa deu aos povos a noção de que a história pode ser mudada por sua ação. Deu-lhes também o que até hoje permanece com a mais poderosa divisa jamais formulada para a política da democracia e das pessoas comuns que ela inaugurou: “Liberdade, igualdade, fraternidade”. (Eric Hobsbawn. Ecos da Marselhesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 124-5)

______
1 Camila Bairros é professora da Rede Pública Estadual do Rio Grande, Graduada em História pela FAPA.
2 Eric hobsbawn é historiador e analisa a Revolução Francesa em sua obra “A era das Revoluções” – informações adicionais.
3 Convém lembrar que a palavra liberdade está associada ao conceito de Liberalismo, não intervenção do Estado na condução econômica do país, ou seja, a economia do Estado liberal era regulamentada pelas leis de mercado. Informações adicionais.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Conheça a Agência Arca Digital





A  Agência  Arca Digital é  uma  organização  virtual  com  fins  midiáticos,  educacionais  e  culturais.
Sua  finalidade  é prestar  assessoria no  campo  do saber  histórico  através  de aulas  particulares,  materiais  divulgados  nas  suas  plataformas  e futuramente  cursos  de  formação  e capacitação além  da área  de  comunicação  que  abrange  duas webradios.
Fundada  e  idealizada  por  Noé  Gomes,  a  ARCA  DIGITAL  é  uma  agência  totalmente  web que  congrega  as  seguintes  platafrmas:










Além  destas  plataformas  a  Agência  Arca  Digital  disponibiliza  os  seguintes  serviços:
  • Aulas  particulares  de  História (ver orçamento).
  • Elaboração  de  pesquisas  e  apostilas  para  pesquisadores  e  público  em  geral  (ver  orçamento).
  • Clipping  de  notícias  de  eventos  nas  plataformas  digitais e  redes  sociais.
Na  área  educacional  a  Arca  Digital  tem  como  seu  principal  ponto  o  projeto Desafios  da  Docência  em  História  em  que  está  sendo  implantado  aos  poucos  além  das  aulas  particulares de  História ,  também  é  aberto  um  diálogo  sobre  as  condições  da  docência  e  da  educação.  Em  pretende-se  fazer  cursos  de  formação  de professores..
Na  área  da  comunicação ,  destacam-se;
  • Rádio  Contraste –  webrádio  de  programação  eclética.
  • Rádio  Seleção  Web – webradio  com  24h de  MPB.
  • Blog  e Portal  Falando d e História –  espaços voltados  à  divulgação  de  materiais  e notícias  do   meio  acadêmico.

Palestra de Capacitação sobre "Gestão e Exposição em Museus"


Inscrições pelo email semrsmuseus@gmail.com ou no local. Os certificados serão entregues no local!

#Fatos Históricos - Edição 3


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Há 56 anos Jânio Quadros renunciava...

É o segundo semestre do ano de 1961. Jânio Quadros renuncia ao cargo de presidente da República no dia 25 de agosto.

Naquele momento grave da história, o vice-presidente João Goulart estava em visita oficial à China. Assume provisoriamente o governo o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli.

Confira o aúdio, clique aqui

A Guerra Fria dividia então o mundo entre capitalistas e comunistas. E os três ministros militares - Odylio Denys, Silvio Heck e Grum Moss - vetam a posse de João Goulart. Eles acusam Jango de entregar os sindicatos ao comunismo e de querer reduzir as Forças Armadas a milícias comunistas.

O Rádio anuncia aos brasileiros a oposição à posse de João Goulart.

" E atenção Brasília. Parece confirmada a oposição das Forças Armadas à posse do vice-presidente João Goulart. Segundo despacho da Agência France Presse, o ministro da Guerra, marechal Odylio Denys, afirmou que mesmo que fosse investido o senhor João Goulart não poderia governar devido à oposição que encontraria"

O clima político no Congresso e no país pega fogo. Milhares de legalistas civis e militares são presos.

Ranieri Mazzilli envia o manifesto dos militares ao Congresso, que forma uma comissão mista de 6 senadores e 6 deputados para buscar uma saída ao impasse.

No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, assume a liderança civil da resistência contra o golpe militar que se anunciava. Ele forma a chamada "cadeia da legalidade", constituída por 104 emissoras de rádio, e a população gaúcha através do Rádio se prepara para a resistência.

"Porto Alegre. A assessoria de imprensa do Palácio Piratini acaba de distribuir nota oficial com o seguinte teor. O governo do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nessa hora grave da vida do país. Cumpre nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade. Não pactuaremos com golpes e violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, desejamos seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo. Esta é a Voz da Legalidade transmitindo diretamente da sala de imprensa do porão do Palácio Piratini, em 27 de agosto de 1961"

O general Machado Lopes, comandante da mais poderosa unidade militar, o Terceiro Exército, se rebela contra os ministros militares e afirma que só recebe ordens do presidente constitucional João Goulart.

A perspectiva é de guerra civil no país dividido.

Para afastar o risco, lideranças políticas do Congresso decidem fazer tramitar com a máxima urgência uma Emenda Constitucional que introduz no país o sistema parlamentar de governo. A proposta desrespeita até mesmo prazos regimentais das Casas.

O deputado José Maria Alkmin, líder do PSD, discursa a favor do parlamentarismo na Câmara. Ele diz que a fórmula é necessária para superar o momento difícil do país.

"Temos que procurar um regime de representantes do Congresso. Um regime flexível... Isso quer dizer, senhor presidente, um regime flexível que pode se legitimar pela consulta popular. Um regime que represente todas as correntes de pensamento. Se nós tivéssemos praticando-o, não estaríamos nesta casa agora procurando soluções... Que nos entreguemos de coração a nossa tarefa. A fim de que possamos dar ao Brasil em mais algumas horas um regime parlamentarista que seja segurança, que seja garantia, um estuário e que possa encerrar todas nossas dificuldades"

A proposta da emenda parlamentarista é votada em 2 de setembro e vence pelo placar de 233 votos a 55.

A alternativa conciliatória garante o mandato presidencial de João Goulart, mas com poderes reduzidos, e prevê uma consulta popular sobre o sistema parlamentarista dentro de quatro anos.

Leonel Brizola e o líder do PTB na Câmara, Almino Affonso, consideram a solução um golpe branco. Os ministros militares admitem a proposta. E João Goulart, que havia retornado ao país, via Porto Alegre, diz que aceita o acordo para evitar uma guerra civil no país.

Tropas legalistas garantem a posse de João Goulart no dia 7 de setembro. No dia seguinte, tem início os trabalhos do primeiro gabinete parlamentarista da história da República brasileira, com o deputado Tancredo Neves como Primeiro-Ministro.

"Senhores deputados, esta sessão legislativa, a primeira a ultimar-se após a implantação do regime parlamentar no Brasil não podia ultimar-se sem que o Conselho de Ministros, pela palavra do seu presidente, viesse ocupar esta tribuna para trazer a Casa e a toda a nação as graves apreensões de que se acha possuído em face das circunstâncias que rodeiam a nossa implacável conjuntura econômico-financeira"

O Brasil só conhecera a experiência parlamentarista no Império. No sistema parlamentarista, o presidente é chefe de Estado. Mas a chefia do Governo fica a cargo do Conselho de Ministros, também chamado de Gabinete. O chefe do Conselho, ou Primeiro-Ministro, é indicado pelo Presidente da República, mas precisa ter seu nome aprovado na Câmara dos Deputados. Os demais membros do Conselho são escolhidos pelo Primeiro-Ministro.

Um amplo leque de forças políticas, com predomínio conservador, forma o primeiro Gabinete. São quatro membros do PSD, 2 da UDN e dois do PTB. Tancredo Neves, do PSD mineiro, propõe um governo baseado em quatro pontos: desenolvimento, estabilidade, integração e justiça.

Mas o clima de instabilidade política e as limitações do parlamentarismo aplicado ao Brasil inviabiliza o gabinete de compromisso.

Após 290 dias, o gabinete Tancredo Neves renuncia de forma coletiva sob o pretexto de que seus membros precisavam concorrer às eleições parlamentares de 1962.

João Goulart indica então San Tiago Dantas, do PTB, e ministro das Relações Exteriores no primeiro gabinete, para ser primeiro-ministro. Mas a Câmara julga-o muito à esquerda e veta seu nome por 174 votos a 110.

João Goulart indica um novo nome: o presidente do Congresso e senador Auro de Moura Andrade, do PSD paulista. O nome de Moura Andrade passa na Câmara, mas o veto agora é da área sindical, que promove a primeira greve geral de protesto no país. Moura Andrade então renuncia à indicação.

Já o segundo gabinete parlamentarista, liderado por Francisco Brochado da Rocha, do PSD do Rio Grande do Sul, resistiu apenas 63 dias.

Diante da recusa do Congresso em aprovar seu pedido de delegação de poderes especiais, Brochado renuncia junto com todo o ministério.

Pouco antes de renunciar, o Gabinete propõe que o Congresso antecipe o plebiscito pela volta do presidencialismo.

A fórmula parlamentarista brasileira tinha limitações. Nenhum primeiro-ministro de fato governava. Era Jango quem detinha o poder, embora reduzido. O parlamentarismo, sem condições de governar, abre então o caminho para o plebiscito que restauraria o presidencialismo.

O Congresso vota a antecipação do plebiscito, e por 169 votos a 83, aprova a realização da consulta em 6 de janeiro do ano seguinte.

O Congresso também autoriza João Goulart a indicar um gabinete sem consultar o Legislativo.

O terceiro e último gabinete parlamentarista, chefiado por Hermes Lima, assume como gabinete-tampão até a realização do plebiscito.

A consulta popular acontece em clima de ofensiva presidencialista. e João Goulart diz que é necessário restaurar um Executivo forte para que sejam feitas as reformas de base.

O voto na consulta não foi obrigatório. De 18 milhões de eleitores, 11 milhões votaram. O presidencialismo venceu a consulta em todos os estados e obteve 82 por cento dos votos válidos no pleito geral.

Durante o rápido período do parlamentarismo a cultura brasileira avança no exterior em várias frentes. No futebol, a Seleção Brasileira vence a Tchecoslováquia por 3 a 1 e se torna bi-campeã mundial. O filme "O Pagador de Promessas" ganha a Palma de Ouro no Festival de Cannes. E se os Beatles estouram nas paradas de sucesso, é a música brasileira que conquista Nova York, com a Noite da Bossa Nova, no Carneggie Hall.

Redação: Eduardo Tramarim.
Consultoria musical: Marcos Brochado

Extraído de: http://www.camara.gov.br/internet/radiocamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=45341

#Fatos Históricos - Edição 2


sábado, 21 de outubro de 2017

Aplicativo encontra artigo científico – Canary Haz



O físico Peter Vincent e o estudante Benjamin Kaube, ambos do Imperial College London, criaram um aplicativo para celulares e computadores chamado Canary Haz, que permite acessar com rapidez artigos em revistas científicas.

Semelhante ao Spotify, aplicativo que facilita o acesso a milhões de músicas on-line, o Canary Haz conecta-se automaticamente a cerca de 5 mil publicações, a ferramentas de busca de trabalhos acadêmicos, como o Google Scholar, e a sites de bibliotecas universitárias para encontrar uma versão em PDF do artigo procurado. Se o pesquisador tiver acesso limitado a bases acadêmicas de dados, o aplicativo busca versões gratuitas do artigo em acervos de instituições ou em preprints.
 




Kaube, um dos fundadores da startup Newsflo, que mede o impacto dos artigos científicos e foi comprada pela editora Elsevier, começou a pensar em desenvolver o aplicativo ao iniciar a redação de sua tese de doutorado e perceber a dificuldade de acesso a artigos. “Comparado ao Netflix e ao Spotify, é um processo antiquado”, ele comentou, em entrevista ao boletim do Imperial College de 30 de maio. “Os pesquisadores perdem horas pulando de um site para outro para vencer as barreiras das editoras e conseguir os artigos que desejam”, acrescentou Vincent.
Os pesquisadores ressaltam que o aplicativo não promove a pirataria de artigos científicos de acesso fechado, como o site russo Scihub. Ele apenas facilita encontrar PDFs de trabalhos que estão escondidos em repositórios da internet.
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp via Blog da  Biblioteca  Central  da  UFRGS

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

#Fatos Históricos - Edição 1


Editora libera download gratuito de livro que examina conceitos e métodos de Pierre Bourdieu

“Pierre Bourdieu e a produção social da cultura, do conhecimento e da informação” é organizado pelos pesquisadores Regina Marteleto e Ricardo Pimenta, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do IBICT-UFRJ, e foi publicado pela Garamond Editora, com apoio da Faperj. A obra traz a contribuição de autores das áreas de Ciência da Informação, Comunicação, Saúde, Arquitetura e Urbanismo, Museologia, Ciências Sociais, que analisam diferentes formas de aplicação dos conceitos e métodos produzidos por Pierre Bourdieu, em seus respectivos campos de inserção científica. Além disso, o trabalho pretende fornecer um “guia de leitura” da obra do sociólogo francês para a reflexão crítica das formas sociais de produção do conhecimento, obra inovadora proposta pela Ciência da Informação, como tributo às contribuições das ideias do pesquisador francês neste campo. O livro está dividido em três partes: 

Parte 1 – Bourdieu e as teorias implicadas ao conhecimento do campo informacional.

Parte 2 – Bourdieu, a informação e o campo científico. 

Parte 3 – Bourdieu e a diversidade das práticas e processos culturais. 

Clique aqui para fazer do download gratuito do livro.

De acordo com os organizadores da obra, o tempo de maturação de seus conceitos e métodos aplicados em pesquisas na Ciência da Informação, enquanto domínio de conhecimento das Ciências Sociais e Humanas, parece ter atingido um patamar que justifica o diálogo interdisciplinar proposto. Além disso, lembram que no momento histórico presente, no qual os laços sociais e os produtos culturais alcançam relevo mundializado nos intensos fluxos de comunicação e informação, reconfigurando as formas de leitura, interação e aprendizagem, cabe redimensionar o pensamento de um autor que dedicou suas pesquisas à reflexão sobre os processos de dominação simbólica e de diferenciação social por meio de uma abordagem socioantropológica do conhecimento 

 Fonte: Texto de Bruno Leal | Agência Café História

Ato pela manutenção do ensino público e de qualidade

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Fonte: Blog Biblioteca  Central  da  UFRGS  Disponível em: https://www.ufrgs.br/blogdabc/ato-pela-manutencao-do-ensino-publico-e-de-qualidade/