domingo, 18 de março de 2012

18 de março de 1990: Humor brasileiro perde a alegria de Zacarias


Por Lucyanne Mano

Reprodução: Blog Hoje na História. Jornal do Brasil de: 18/03/1990

Aos 57 anos de idade, o mineiro Mauro Faccio Gonçalves, mais conhecido como Zacarias, por seu papel no programa humorístico de TV Os Trapalhões, morreu pela manhã, vítima de uma infecção respiratória. O humorista estava doente desde fevereiro desse ano, e o seu quadro veio a piorar em meados de março, quando precisou ser internado doze quilos mais magro. A última pessoa a ver o ator com vida foi sua mãe, que esteve em seu quarto cinco minutos antes dele morrer. Seu corpo foi embalsamado e transportado para sua cidade natal, Sete Lagoas - Minas Gerais, onde foi enterrado.

Renato Aragão e Dedé Santana, seus companheiros no programa, correram ao hospital assim que souberam da notícia da morte do parceiro. “É difícil acreditar nisso; tenho certeza de que lá onde ele está, não quer ver tristeza; quer que a gente passe uma mensagem de alegria para as crianças; nada de tristeza”, disse Dedé, que, na hora da entrevista, lembrou de um comentário de Renato Aragão: “Os Trapalhões são como uma mesa de quatro pernas. Sem uma delas fica difícil”.

O humorista Castrinho, amigo de Zacarias por mais de 25 anos, relembrou momentos com o amigo nos tempos em que a TV Tupi faliu: “Eu e um grupo de amigos ficamos desempregados, sem ter onde morar. O Mauro (Zacarias) nos levou para seu apartamento e formamos uma república. Ele era nosso conselheiro”.

Wilton Franco, diretor dos Trapalhões, falou da ingenuidade daquele que considerava o mais doce do quarteto. “Ele era tão puro quanto parecia na TV”, disse o diretor, avaliando que essa ingenuidade devia ser “coisa de mineiro”.

Zacarias era meio ermitão: gostava de viver sozinho em sua casa em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde cuidava de plantas e pássaros. Dentro da casa tinha um elefante com o bumbum virado para a porta, uma figa e um Buda. Tinha ainda uma ferradura com sete furos. Era espírita e muito religioso. Começou sua carreira de ator em Sete Lagoas, em um programa da Rádio Cultura. Em 1963, veio para o Rio trabalhar na TV Excelsior. Na TV Tupi, interpretou um garçom engraçado no programa Café sem concerto. Renato Aragão viu, gostou dele e o transformou em um trapalhão, em 1974. Seu sonho era montar um musical humorístico e sua maior preocupação era com a educação das crianças brasileiras e também com a preservação da natureza.


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Fonte: Blog Hoje na História-CPDOC/Jornal do Brasil. Disponível em: http://jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=29539


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