Imagem: Blog Hoje na História CPDOC/Jornal do Brasil |
Fernand Braudel, 83 anos, morreu em Paris. E a Academia Francesa por pouco não teve tempo de redimir-se: somente um ano antes de sua morte, lhe concedera a honra de pertencer ao seus quadros. Ele foi simplesmente o maior historiador francês do século 20. Muito mais do que isso, o criador de uma nova visão da História, reconhecida a partir da publicação, em 1949, de sua obra monumental O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Felipe II.
Era a primeira vez que um historiador praticamente ignorava a tradição da ordem cronológica. A História imóvel era abandonada. Surgia uma história que se movimenta em planos superpostos, em contínua comunicação, incorporando a seus estudos os recursos das outras ciências sociais e buscando, no movimento da vida, o que se ltera com rapidez e o que muda com lentidão. O livro foi saudado imediatamente como uma obra-prima de produção historiográfica por historiadores renomados como John Elliot, Arnol Toynbee e Lucien Febvre.
Fernand esteve duas vezes no Brasil. Em 1935, integrou, juntamente com Claude Lévy-Strauss, a missão francesa importada pela Universidade de São Paulo. Ensinou aqui, durante dois anos, História da Civilização. Generosamente, chegou a dizer que "foi no Brasil que me converti na pessoa que sou hoje". Na verdade, o que fez aqui - além de ministrar suas aulas e escrever um livro sobre História do Brasil que não quis publicar - foi concluir sua obra sobre o Mediterrâneo: "Os estudantes trabalhavam pouco e os professores também. Havia tantas festas. Um dia era a descoberta da América, outro era dia de soltar balão. E aí a universidade fechava. Não tinha aula e eu aproveitava para escrever a tese".
Voltou em 1949, para mais um ano de permanência. Mas não quis, no ano anterior à sua morte, voltar para as comemorações do cinquentenário da Universidade de São Paulo: "Tenho de ir, tomar muito uisque, ir dormir às duas da manhã. Não quero cair na tentação".
Fernand Paul Braudel nasceu no dia 24 de agosto de 1902 em Luméville, na França. E não queria ser historiador. Queria ser médico.
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Fonte: Blog Hoje na História CPDOC/Jornal do Brasil. Disponível em: http://jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=28754
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