terça-feira, 21 de junho de 2011

21 de junho de 1968 - A sexta-feira sangrenta

Por Lucyanne Mano

Capa do Jornal do Brasil de 21/06/1968
Fonte: Blog Hoje na História
O que era uma passeata estudantil, se transformou em uma batalha a bala, cassetetes e pedras, entre estudantes e a Polícia Militar. Com a Avenida Rio Branco interditada, milhares de pessoas foram atraídas às janelas dos edifícios. Esses espectadores, em repúdio à repressão da manifestação, lançaram um mundo de coisas contra os policiais.

O Centro do da Cidade foi paralisado ao meio-dia, permanecendo assim por seis horas. Ao final, um policial foi morto e presumivelmente, dois civis. Cerca de 80 pessoas ficaram feridas e mais de mil prisões foram efetuadas.

O Jornal do Brasil foi testemunha daquela que ficaria conhecida como a sexta-feira sangrenta. Momento relembrado pelo nosso mestre da fotografia Evandro Teixeira: “ Foi um dia mais sangrentos que a Rio Branco em especial e o Rio de Janeiro viveu, nesta época. O Jornal do Brasil era o palco das reações. Tudo começava em frente ao Jornal que neste dia foi fechado a bala. A polícia começou a atirar e a fechar as portas. Eu participei ativamente com barreiras, fugindo das cavalarias, vendo estudante caindo. Inclusive tenho a foto do fotógrafo Rubem Seixa, do Correio da Manhã, quando a polícia o surrou depois de ter quebrado seu equipamento.”

Preocupados com a documentação da violência, elementos da PM, especialmente os mais graduados, e agentes do DOPS procuravam sempre que podiam atingir os jornalistas. A Associação Brasileira de Imprensa entregou ao Governador Negrão de Lima uma carta de protesto contra as violências cometidas pela Polícia contra os repórteres e fotógrafos de diversos jornais cariocas, inclusive com a danificação de máquinas de alto preço.


A fúria: o passante espancado chama-se João Rui Carvalho Soares. É funcionário da justiça do Estado, 41 anos. Foi na Rua México, junto à Rua Santa Luzia.
O delírio: vencedor numa das batalhas contra a PM, na avenida Rio Branco, o rapaz partiu para a depredação.
O tributo a pagar: Jani Barros Lopes, 20 anos, estudante da faculdade de Filosofia da UEG, foi baleada perto do Edifício Avenida Central.
A ajuda: Ferida no primeiro tiroteio, perto da Embaixada americana, Márcia Juekiewi, estudante de Estatística foi socorrida por populares.
A carga: cada vez que os cavalarianos passaram pela Rio Branco, receberam verdadeira chuva de pedras, tinteiros, cinzeiros e sacos de água. O soldado caiu, em pleno desespero.
O aplauso: nas escaramuças, populares juntavam-se aos pelotões de frente, contra a Polícia. Do alto dos edifícios vinham as palmas solidárias.

Fonte: Blog Hoje na História - CPDOC Jornal do Brasil

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