Por: Alice Melo
Fechou os olhos pela última vez o homem que foi, durante 36 anos, o governo de Portugal. Apesar de ter sido (formalmente apenas) Chefe de Governo, Antônio de Oliveira Salazar foi enterrado com honras de Chefe de Estado, no Monastério dos Jerônimos, onde repousam os restos de Vasco da Gama e Luís de Camões.
JB 27 de julho de 1970 |
O princípio do fim de Salazar começou em 1968, quando ainda regia Portugal com as mãos de ferro de um velho ditador. Em sua casa de verão em Estoril, o Premier sofreu uma queda que o deixou com um traumatismo intracraniano. Foi operado, mas jamais voltou a ser o mesmo. Salazar foi substituído por Marcelo Caetano, sem ter sido avisado. Até seus últimos dias de vida, o ex-ditador achava que ainda estava na liderança de seu povo.“Aprendi com minha mãe. Administro o Estado como uma pensão. Com decisão e economia.”Com essas poucas palavras Salazar definiu melhor que ninguém toda a sua vida, a formação de sua personalidade, seu estilo de trabalho, os ideais de uma discutida obra político-administrativa.
Foto: Salazar (Divulgação JB |
Salazar começou a ganhar notoriedade no quadro político português em 1928, quando o país sofria com a forte desvalorização da moeda. Salazar era economista, professor da Universidade de Coimbra, e foi convidado para o Ministério das Finanças. Um ano depois a economia estabilizou-se, e Salazar tornou-se uma figura muito importante nas esferas de poder lusitanas. Em 1933, ele institucionalizava o Estado Novo em Portugal, acabando com os partidos políticos e instituindo um governo autoritário.Através de sucessivas revisões da Constituição, os poderes do Presidente foram diminuindo em benefício do Presidente do Conselho de Ministros, Salazar. Em seus anos de governo, Salazar deu benefícios e privilégios à Igreja Católica em Portugal; adotou, durante a Segunda Guerra, um regime flexível; apoiou o ditador Franco na Guerra Civil Espanhola; tentou, de todas as formas, manter o império colonial português; utilizou a Censura e a dura repressão como suas principais aliadas na manutenção de seu regime de cunho corporativista e nacionalista.Após sua morte, Portugal entrou em um período de crise política. O regime autoritário, deixado como legado aos sucessores de Salazar, ruiu em 1976, com o famoso 25 de abril, a Revolução dos Cravos.“Não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não se dizer que falhei da minha missão”, disse ele após ser operado, em 1968.
Fonte: Blog Hoje na História - CPDOC Jornal do Brasil. Disponível em: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=22673
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