Por: Max Altman
No dia 10 de junho de 2004, morre em Beverly Hills, aos 73 anos, Ray Charles Robinson, um dos maiores gênios da música negra americana e também um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de Rhythm and Blues. Está enterrado no cemitério Inglewood Park, em Los Angeles.
Sua morte ocorreu dois meses antes da publicação de seu álbum Genius Loves Company, que vendeu mais de cinco milhões de cópias e conquistou oito Grammys, e quatro meses antes da estreia do premiado longa Ray, que retratou sua vida e carreira. O filme, aclamado pela crítica, foi protagonizado por Jamie Foxx, que conquistou o Oscar de Melhor Ator. Ray permanece como o musical bio-pic (biogaphic Picture) mais saudado até hoje pela crítica.
Seu nome de nascimento foi reduzido para Ray Charles quando entrou para a indústria do entretenimento. A ideia era evitar confusão com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. Foi eleito pela revista Rolling Stone como o 10º maior artista de todos os tempos e o segundo entre os maiores cantores da música popular.
A música foi a força motriz que conduziu a vida de Ray. Dizia comumente: “Nasci com a música dentro de mim. É a única explicação que tenho”. Sentava-se ao piano e a música brotava. Abria a boca e a letra jorrava.
Reprodução: WikiCommons |
Ray Charles não nasceu cego. Na verdade, levou sete anos para que perdesse totalmente a visão. Ainda criança, em busca de luz, permanecia longas horas debaixo do sol. Em 1937, ainda não havia o milagre do transplante de córnea.
Nasceu no início da Grande Depressão, em Albany, quando o nome de outro músico local, Hoagy Carmichael, já corria o mundo. Em 1930, Hoagy gravou Stardust, canção que se tornaria um clássico. Iriam cruzar seus caminhos 30 anos mais tarde, quando o governo da Georgia pediu-lhes que selecionassem a canção símbolo do estado da Georgia. Ray Charles cantou então, na assembleia legislativa local, sua versão para Georgia, escrita por Carmichael.
Mesmo quando Ray perdeu a visão, sua mãe pediu-lhe que continuasse com os afazeres domésticos, como o de cortar lenha para alimentar o fogão da casa. Os vizinhos tinham dó de Ray, mas sempre recebiam duras respostas da senhora Robinson. Ela lhes dizia que seu filho era cego, mas não imbecil, e que deveria continuar aprendendo a fazer de tudo. Infelizmente, Ray perdeu a mãe e os conselhos do pai muito cedo. Aos 15 anos, tornou-se órfão. Contudo, seguiu em frente mesmo diante das dificuldades de ser um órfão cego e negro vivendo no sul norte-americano da primeira metade do século XX.
Não se deixou derrotar, dando continuidade a sua educação na Flórida, no Colégio Estadual St. Augustine para Surdos e Cegos. Anos depois, decidiu mudar-se para Seattle, em Washington. Lá gravou seu primeiro disco e semeou sua duradoura amizade com Quincy Jones.
Ray Charles iniciou sua carreira tocando piano e cantando em grupos de gospel do final da década de 1940. A princípio, influenciado por Nat King Cole, trocou o gospel por baladas profanas e, após assinar com a Atlantic Records em 1952, enveredou pelo R&B. Quando o rock and roll estourou com Elvis Presley em 1955, e cantores negros como Chuck Berry e Little Richard foram promovidos, aproveitou a oportunidade e lançou sucessos como I Got a Woman , Talkin about You, What I'd Say, Little girl of Mine, Hit the Road Jack, entre outros. Reunia elementos de R & B e gospel, o que abriria espaço para a soul music da década de 1960. Tornou-se um astro reverenciado no pop negro.
A partir de então, embora sempre ligado ao soul, não se ateve a algum gênero musical específico. Conviveu com o jazz ao mesmo tempo em que gravava baladas românticas e standards da canção norte-americana. Entre seus sucessos históricos estão canções como Unchain My Heart, Ruby, Cry me a River, Georgia on My Mind e baladas country tais como Sweet Memories e seu maior sucesso comercial, I Can't Stop Loving You, de 1962.
Fonte: Ópera Mundi Disponível em: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/22339/hoje+na+historia+2004+-++morre+ray+charles+maior+icone+do+r%26b.shtml
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