Por Noé Gomes*
Extraído de: http://enquantomeucoracaobater.blogspot.com.br/ |
Vivemos tempos de caos, uma época em que as instituições estão em xeque. Uma área que reflete tudo isso que afirmei anteriormente é a escola. Esta instituição basilar é como um lago. Ao olharmos para as suas águas podemos ver o reflexo de seu meio ambiente, assim como o espelho que reflete o que está a sua volta. De certa maneira a escola desempenha esta função reflexiva.
A crise do indíviduo chegou às escolas sejam particulares ou públicas. Os comportamentos estapafurdios que presencio como professor é fruto de uma sociedade que cada vez mais pensa em parecer e ter e muito pouco ou quase nada em ser. Esta situação me causa angéstia e tristeza. Angustio-me ao ver uma geração esvaziada seja de cognição, como de cidadania e valores morais.
Quando Renato Russo cantou "Que país é esse?" fez este questionamento diretamente à classe política brasileira. Não que esta pergunta tenha perdido a sua validade, sabemos que ao contrério, mas penso que é preciso amplia-la. Na minha opinião esta indagação é muito válida para pessoas que jogam lixo nas ruas, eleitores que se corrompem por uma cesta básica ou ainda por pais que de tão ausentes pensam que a função da escola é educar os seus filhos e o pior que preocupam-se somente se seu(sua) filho(a) reprovou, sem se preocupar com o aprendizado de seus genitores.
A raíz do caos social está no indíviduo. Não há como mudar este cenário se os atores estão predispostos a representar uma peça em que prevaleça a vantagem, o consumismo, a futilidade, a sexualidade desrespeitosa, o cinismo e as piores chagas que causam tudo isso mencionado anteriormente. O egoismo e o orgulho. Enquanto tivermos uma visão de vida que privilegia somente o Eu e que promove somente as aparências das máscaras sociais da ostentação, estaremos destinados a sermos seres pequenos e infelizes.
A felicidade real se dá na realização humana, na não superficialidade das relações, no enraízamento da família e sem ser moralista é necessário termos uma postura respeitosa para conosco e aos que nos cercam. O que esta juventude precisa é de atenção, que está na reprimenda severa, porém carinhosa e firme. É preciso que hajam limites, saber que o meu espaço termina quando inicia do outro.
Para muitos isso que escrevo parece banal, mas infelizmente como professor noto que para muitos alunos falta exatamente tudo isso. Todas essas situações, sentimentos e percepções podem nos minar por dentro, nos corroer e trazer para o nosso intímo o vazio. A ausência interior gera o sentimento de que a felicidade é inalcansável. Já diria Roberto Carlos na música "Todos estão surdos": Desde o começo do mundo/Que o homem sonha com a paz/Ela está dentro dele mesmo/Ele tem a paz e não sabe/É só fechar os olhos e olhar pra dentro de si mesmo" e completaria a felicidade está em nós também.
O que precisamos mudar não é ideia de sua existência ou não, mas sim, os caminhos que trilhamos, isto serve evidentemente para todos os segmentos da escola e consequentemente para a sociedade como um todo.
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* Idealizador do Blog Falando de História. Coordenador do GT Falando de História. Secretário do GT Acervos da ANPUH-RS (Gestão 2012-2014). Professor de História da Rede Pública Estadual do Rio Grande do Sul. Membro do Grupo Político Construção Socialista
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