João Goulart ao lado de sua esposa Maria Teresa Fontela Goulart no Comício de 13 de março de 1964 |
Após 47 anos, penso particularmente que hoje deveria ser um dia voltado para a reflexão da democracia em nosso país. Como afirmou o sociólogo e professor Lucio Castelo Branco da Unb: "Não somos um país democrático" Temos que buscar a compreensão das raízes históricas desta falta de espírito democrático.
Mas por que hoje seria um dia propício para esta reflexão? Porque justamente há quase 50 anos atrás, o então presidente da República João Goulart ou Jango, defenderia as chamadas "Reformas de Base".
Jango, não era um revolucionário por natureza nem tampouco membro de movimentos sociais, ao contrário, sua formação esteve ligada ao campo, mas como descendente de estancieiro, era proprietário rural em São Borja no RS.
As reformas estruturais propostas Jango os setores educacional, fiscal, político e agrário. O movimento das reformas de base era resultado das aspirações da classe média, dos trabalhadores e da classe empresarial nacionalista. Eram ideias que estavam mobilizando grande parcela do povo brasileiro.
Jango sucedeu Jânio Quadros, quando este renunciou em 1961 e Goulart em visita a China. Porém, os militares que já tinham sido travados em suas ambições quando do suicídio de Vargas e posse de JK, tentaram impedir a posse de Jango, mas foram contidos pelo Movimento da Legalidade liderado pelo então Governador Leonel Brizola.
Devido à Guerra Fria, já no final da década de 1950 a sociedade brasileira se debatia na dicotomia ideológica esquerda e direita, os militares acusavam Jango de ter ligações comunistas.
Os três anos em que Jango esteve na presidência foram marcados por uma grande instabilidade política e social.
O estopim para a deposição de Jango, foi o Comício de 13 de março de 1964. Onde anunciou a desapropriação de propriedades rurais às margens das estradas federais e ferrovias. bem como a desapropriação e encampação das refinarias privadas em favor da Petrobras outras medidas reforma urbana e social. na Central do Brasil para 150 mil pessoas
Foto de Vladimir Herzog,morto nas depedencias do DOI-COD em São Paulo, onde os militares tentaram pretextar que Herzog teria se suicidado o que depois foi desmentido. |
Dias depois, ocorreria o Golpe Civil-Militar de 1964, onde o Brasil passaria por cinco Marechais, além da cassação de direitos políticos e o maior número de exilados políticos da nossa história. Isso sem falar das torturas cometidas em nome da "Segurança Nacional" que pode ser simbolizada pela morte de Vladimir Herzog (foto ao lado) ou do estudante Edison Luis.
Hoje, vivemos uma época de democracia, de respeito a expressão. Tudo isso é verdade, mas ainda temos a ferida aberta da não punição de torturadores como o de Herzog.
Depois destes toruosos 21 anos de Ditadura, é importante refletrmos sobre a nossa democracia. Afinal de contas há quase 50 anos atrás o Brasil vivia o drama da desigualdade social e econômica.
A todos aqueles que lutam e lutaram pela liberdade no Brasil o nosso agradecimento.
Referências
Álbum de fotos Trajetória Política de João. Site CPDOC/Fundação Getúlio Vagas. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/album
FILHO, Daniel Aarão Reis. Ditadura militar: esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000
JUNIOR, Alfredo Boulos, História do Brasil:Império e Republica (Volume 2). Porto Alegre:FTD 1995
KUCINSKI, Bernardo. O fim da ditadura militar.São Paulo: Contexto, 2001
Portal Memórias Reveladas. Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964. Disponível em: http://www.portalmemoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/media/Dossie%20mortos%20e%20desaparecidos%20politicos.pdf
___________________.Os Presidentes e a Ditadura Militar. Disponível em: http://www.portalmemoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/media/Os%20presidentes%20e%20a%20ditadura%20militar.pdf
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