A década de 30 é marcada por muita apreensão, sendo um período de intervalo entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, assim como pela Grande Depressão dos Estados Unidos. Para combatê-la o presidente Roosevelt criou o New Deal, um programa com fortes medidas sociais e assistenciais de recuperação da economia do país. A época era do apogeu da cultura francesa. O mundo começava a passar por grandes transformações, mudança de hábitos e de costumes que já se expressavam na literatura e em uma nova arte: o cinema. Arte que nas décadas seguintes estaria intimamente ligada à cultura estadunidense. Estes novos valores artísticos despertavam o interesse de um grupo de intelectuais de Porto Alegre liderados por Erico Verissimo. Queriam conhecer o país de Orson Welles, John Steinbeck, Willian Faulkner. A viagem teria que ser adiada. O mundo estava na iminência da Segunda Guerra Mundial e os intelectuais precisaram aguardar e conter sua expectativa.
Mas o grupo de intelectuais gaúchos não se deu por vencido no desejo de cultivar, mesmo à distância, a língua, os costumes e a cultura daquele país que viam magicamente através do cinema e da literatura. Idealizaram, então, um grande projeto de intercâmbio cultural entre Brasil e Estados Unidos, mas principalmente com ênfase na divulgação da cultura gaúcha. No dia 14 de julho de 1938, este projeto tornava-se realidade. Nascia o Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano com a colaboração do Cônsul dos Estados Unidos, Mr. Guy W. Ray.
A lacuna existente na historiografia rio-grandense sobre a implantação da política neoliberal estadunidense em Porto Alegre pode ser preenchida pela análise das fontes encontradas no acervo privado do ICBNA. Como também, uma profunda análise nas fontes dos relatórios ministeriais do Ministério das Relações Exteriores 1938 -1944 complementando e segmentando o tema num contexto mais geral.
O ideal dos intelectuais gaúchos em formar um Instituto binacional que promovesse intercâmbio cultural com os Estados Unidos foi influenciado por um Cônsul norte-americano, Guy W. Ray, que conhecendo a notabilidade de tais intelectuais na elite gaúcha viu grandes chances de estabelecer influência de sua cultura numa importante capital brasileira. O discurso oficial norte-americano tinha como meta proporcionar intercâmbio, ou melhor, uma verdadeira fusão das culturas. No entanto o que verificamos foi uma política de mão única. A partir da continuidade deste processo podemos ver hoje uma sociedade porto-alegrense adaptada ao American Way of life. Com isso, o ICBNA, juntamente com seu acervo histórico, apresentam alternativas de elucidação de todo um processo desencadeado por uma nação economicamente superior que visava arrebanhar a elite intelectual e utilizá-la como veículo condutor de seus ideais culturais e político-econômicos.
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